Proposta de saf do flu pretende alavancar receitas com ‘paixão’, mas sem mecenato
salto sustentável
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A proposta apresentada pelos investidores da LZ Sports ao Conselho Deliberativo do Fluminense para a implementação de uma Sociedade Anônima do Futebol (SAF) no clube, com previsão de gastos de R$ 6,9 bilhões ao longo de dez anos, tem o objetivo de alçar o tricolor entre as maiores folhas salariais do Brasil. Isso, porém, não significa necessariamente que irá jorrar dinheiro para contratações, como ocorreu com Botafogo e Cruzeiro, em modelos semelhantes a "mecenatos". Pelo contrário: a aposta dos investidores, grupo formado por cotistas tricolores, é em um crescimento sustentável, baseado em alavancar as receitas geradas pelo próprio clube com a experiência da companhia na área de gestão e aceleração de empresas.
A partir de um aporte inicial de R$ 500 milhões em duas parcelas " com montante ainda não definido para abater parte das dívidas, que somam R$ 871 milhões atualmente ", os investidores projetam um total de R$ 6,4 bilhões como gasto mínimo para o futebol do clube em uma década, o que dá R$ 640 milhões por ano. Ao GLOBO, Carlos de Barros, sócio da LZ Sports, explicou como a SAF vai utilizar os recursos iniciais:
" Vamos usar parte dos R$ 500 milhões para dívida e para investir também, para aumentar a folha salarial. Contamos com a redução da dívida e queremos potencializar as receitas. É um ciclo virtuoso. Precisamos investir no elenco para ter mais premiação e mais receitas " disse.
Do montante anual, R$ 625 milhões são destinados ao futebol (a diferença fica por conta de royalties para a Associação utilizar nos demais esportes e no clube social). A previsão inicial é de que R$ 486,5 milhões sejam destinados à folha salarial de atletas e comissão técnica, incluindo encargos sociais e trabalhistas, premiações e gratificações; e cerca de R$ 114 milhões para compras de jogadores, incluindo comissões de intermediação.
" Caso não se gaste esses R$ 625 milhões, não terão nenhum lucro, não terão distribuição de dividendos " ressalta Celso de Barros.
De acordo com o balanço de 2024 " o mais recente publicado ", o Fluminense tem uma folha salarial no futebol em torno de R$ 19 milhões. O objetivo dos investidores é subir para R$ 25 milhões em 2026, um salto de 31,6%, e R$ 27,1 milhões em 2028, aumento de 42,6%. No décimo ano, o valor chegaria a R$ 36 milhões, próximo do que Flamengo e Palmeiras gastam atualmente.
" Dá para pagar o salário de quatro Jhon Arias, por exemplo " compara Carlos de Barros. " É representativo. Com esse compromisso de investimento e essas projeções com o incremento de receitas, além do capital, conseguiremos levar o Fluminense para um clube top 3.
viabilidade
Porém, o especialista em gestão e finanças no futebol, César Grafietti, lembrou que o Fluminense teve anos atípicos, com a conquista da Libertadores em 2023 e o bom desempenho na Copa do Mundo de Clubes em 2025, gerando grandes receitas de premiação que não é possível contar com frequência. Para ele, os investidores precisarão aportar mais recursos para um salto mais significativo.
" Eu acho que é bastante agressivo do ponto de vista do investidor. Não vejo com facilidade o clube atingindo o nível de receita que seria suficiente pra gastar R$ 625 milhões com futebol, pagar todas as necessidades mais as dívidas. Na prática, os investidores estão pensando em colocar R$ 500 milhões de reais no negócio. Ganhar Libertadores todo ano, vender R$ 300 milhões em jogador, participar de um Mundial que não tem todo ano, enfim. Qualquer gestão que entrasse no clube deveria se pautar pelo rendimento médio que o clube faz " ponderou.
Mário como CEO?
A diretoria da SAF será composta por um CEO e diretores de futebol, financeiro, jurídico e comercial. Uma das dúvidas dos torcedores era se o atual presidente Mário Bittencourt seria confirmado como CEO, o que não chegou a ser anunciado durante a apresentação da proposta no Salão Nobre, na segunda-feira.
" Gostaríamos sim de contar com o Mário. Não tem nada fechado, vamos negociar. Ele pode estar em algumas posições, inclusive CEO. Precisamos de alguém do meio do futebol. O futebol é uma coisa muito, muito particular, diferente de outras indústrias. Esse tema dos atletas, do mercado de futebol, de lidar com comissão técnica, é muito específico " acrescentou Carlos de Barros.