Casas bahia decide entrar no ramo de consórcios
Em meio a um processo de reestruturação financeira e troca de controle, a Casas Bahia, ...
Em meio a um processo de reestruturação financeira e troca de controle, a Casas Bahia, tradicional marca no varejo, anuncia sua entrada no setor de consórcios. Com o slogan "Dedicação total ao seu sonho", a varejista vai oferecer cartas de crédito que variam de R$ 6 mil a R$ 500 mil. Os clientes poderão usá-las para compra de imóveis, veículos, viagens, serviços e aquisições nas próprias lojas da rede.
A Casas Bahia informa que o novo produto é mais uma alternativa de crédito em meio a um cenário macroeconômico desafiador para financiamentos a longo prazo, devido aos juros altos. Ele vai funcionar como os demais consórcios do mercado: tem sorteios mensais e possibilidade de lances para antecipar a carta de crédito. O produto dispensa a análise de crédito ou comprovação de histórico financeiro, tornando-o acessível a mais pessoas, diz a varejista.
" Cada vez mais o varejo incluirá serviços, em especial financeiros, em sua oferta, potencializando sua relação com seus clientes e, principalmente, melhorando a rentabilidade de suas operações " diz Marcos Gouvêa de Souza, diretor-geral da Gouvêa Ecosystem, consultoria especializada em varejo.
O setor de consórcios tem sido bastante procurado pelos brasileiros, devido ao crédito escasso e caro. Em julho, o total de consorciados ativos chegou a 12,04 milhões, número histórico, que representa alta de 12,5% sobre os 10,7 milhões registrados no mesmo mês do ano passado. Veículos, motos e imóveis lideram a procura, segundo a Associação Brasileira de Administradores de Consórcios (Abac).
"Esse lançamento nasce para ampliar a oferta de crédito da companhia, atendendo diferentes perfis de clientes e consolidando a companhia como um hub de soluções financeiras integrado ao varejo", afirmou em nota Vital Leite, CEO do banQi, que é a conta digital das Casas Bahia. Com a entrada no ramo de consórcios, a marca varejista reforça sua atuação em serviços financeiros integrados ao varejo.
A Casas Bahia passa por um profundo processo de reestruturação desde 2023, após prejuízos consecutivos. Em agosto passado, a gestora Mapa Capital assumiu o controle da rede, convertendo R$ 1,6 bilhão de dívida em ações e ficando com 85% da empresa. A mudança no controlador inicia uma nova fase para recuperar finanças e ampliar competitividade no setor. A entrada no setor de consórcios já acontece sob a nova gestão.
A família Klein, fundadora da rede, é minoritária. Tinha 22% da empresa e teve a participação diluída com a conversão das dívidas para cerca de 4%, o que inviabilizou o aumento de sua participação no Conselho de Administração.
O CEO da empresa, Renato Franklin, foi mantido pelos controladores. Na visão da Mapa Capital, o grande problema da varejista é sua dívida elevada, que estava em cerca de R$ 4 bilhões antes da operação de conversão de debêntures em ações. No segundo trimestre do ano, o prejuízo foi de R$ 555 milhões, revertendo lucro de R$ 37 milhões um ano antes.
Em relatório, analistas da XP destacam que, além das despesas financeiras da Casas Bahia afetadas pelo patamar alto da Selic, a empresa está diante de "um cenário macro ainda frágil para bens duráveis, comprometendo o volume de vendas de itens como eletrodomésticos e eletroeletrônicos".