Jueves, 18 de Septiembre de 2025

Como o alvinegro foi usado por john textor na compra do lyon

BrasilO Globo, Brasil 18 de septiembre de 2025

Ascensão, glória e incerteza: os bastidores da SAF do Botafogo - parte 2

Ascensão, glória e incerteza: os bastidores da SAF do Botafogo - parte 2
Quando a queda de braço entre John Textor e seus sócios da Eagle Football Holdings, em razão da crise no Lyon chegou à Justiça, uma série de documentos anexados ao processo trouxe à tona detalhes até então nunca revelados sobre a SAF do Botafogo. Na Parte 2 da série, o GLOBO mostra como o clube carioca abriu mão de proteções para atender aos interesses do empresário, o que permitiu que o americano pusesse a SAF alvinegra como garantia para comprar o Lyon, levando o clube ao centro do imbróglio. Um movimento polêmico, que acabou ofuscado pelo ano glorioso de 2024, com a conquista da sonhada e inédita Libertadores e do título brasileiro.
A criação da SAF foi oficializada em janeiro de 2022, quando 97% dos sócios presentes na Assembleia Geral aprovaram a venda para Textor. O contrato estabelecia os aportes e responsabilidades do investidor e garantia mecanismos de proteção ao Botafogo associativo diante do risco de descumprimento das obrigações. Textor adquiriu 90% das ações da SAF, enquanto o clube social ficou com 10%. Além de aportar R$ 50 milhões antes da assinatura, o americano se comprometeu a investir outros R$ 350 milhões em quatro parcelas ao longo de 36 meses.
Dentre as séries de proteções, o documento estabelecia restrições caso um acionista desejasse usar suas ações como garantia em outras operações " como a tomada de empréstimos, por exemplo: deveria haver aprovação prévia e por escrito do Conselho de Administração da SAF. Se o clube social não concordasse, poderia vetar.
Apesar das proteções asseguradas pelo acordo, em poucos meses o clube associativo abriu mão de algumas delas para atender interesses de Textor " que aproveitou para penhorar a SAF do Botafogo, usando-a como garantia no processo de compra do Lyon.
Para concluir a aquisição do clube francês, Textor tinha um problema: após adquirir com recursos próprios os demais clubes da rede, ele não dispunha dos 800 milhões de euros pedidos pelos proprietários pelos 77% das ações. Para levantar o montante, recorreu ao mercado financeiro. James Dinan e Alexander Knaster, do fundo de investimentos Iconic Sports, aportaram 75 milhões de dólares na operação, em troca de 15% das ações da Eagle, e passaram a integrar o Conselho de Administração da holding.
Já a Ares Management Corporation, gestora global de investimentos, emprestou 425 milhões de dólares para financiar a compra do Lyon, recebeu participação acionária na Eagle e indicou dois representantes para o conselho da holding. O efeito colateral da operação atravessou o Atlântico e chegou a General Severiano: como garantia do empréstimo, Textor ofereceu em penhor todas as suas ações na SAF do Botafogo.
O empresário, porém, precisou articular internamente a aprovação da penhora, já que o Acordo de Acionistas impunha barreiras. Em janeiro de 2023, em Assembleia Geral Extraordinária da SAF, o Conselho de Administração autorizou o uso das ações da SAF para a penhora.
Dentro de campo, por outro lado, a compra do Botafogo por Textor mostrava impacto imediato. Já em 2022, primeiro ano da SAF, houve um salto de investimento e a equipe que havia subido da Série B foi completamente reformulada. No segundo ano, Textor apostou na manutenção da base do elenco. O objetivo inicial era a classificação para a Libertadores, mas o alvinegro virou favorito à briga pelo título e acabou frustrando a torcida com a perda na reta final.
O baque fez Textor abrir o cofre. Em 2024, foram 21 contratações e mais de R$ 400 milhões investidos. O meia Thiago Almada e o atacante Luiz Henrique se tornaram as duas contratações mais caras da história do futebol brasileiro. O investimento colheu frutos: o Botafogo conquistou a Libertadores pela primeira vez em sua história e faturou também o Brasileirão, encerrando um jejum de 29 anos. Após as conquistas, a torcida exibiu uma faixa em homenagem a Textor: "Obrigado por revolucionar nossa história".
Na França, porém, o sucesso não se repetia no Lyon. E os problemas financeiros que ameaçariam o clube francês de rebaixamento acabariam tendo como consequência a abertura da "caixa-preta" da SAF do Botafogo, expondo decisões controversas ofuscadas pelo sucesso nos gramados.
A terceira e última parte da série será publicada amanhã.
La Nación Argentina O Globo Brasil El Mercurio Chile
El Tiempo Colombia La Nación Costa Rica La Prensa Gráfica El Salvador
El Universal México El Comercio Perú El Nuevo Dia Puerto Rico
Listin Diario República
Dominicana
El País Uruguay El Nacional Venezuela