Bndes: em 2 dias, r$ 1,2 bi em socorro do tarifaço
Apenas nos dois primeiros dias de operação, o BNDES aprovou R$ 1,2 bilhão em crédito com ...
Apenas nos dois primeiros dias de operação, o BNDES aprovou R$ 1,2 bilhão em crédito com recursos do Plano Brasil Soberano, o pacote de socorro do governo federal para empresas afetadas pelo tarifaço imposto pelo governo dos Estados Unidos às importações de produtos brasileiros. Segundo balanço inicial do banco de fomento, o valor foi aprovado para 75 empréstimos da linha de Capital de Giro.
Ao todo, são quatro linhas de crédito: Capital de Giro, para financiar gastos operacionais gerais; Giro Diversificação, para a busca de novos mercados; Bens de Capital, para aquisição de máquinas e equipamentos; e Investimentos, para projetos de inovação tecnológica, adaptação de atividade produtiva de produtos, de serviços e de processos, e adensamento da cadeia produtiva.
Na manhã de quinta-feira, cerca de um mês após o lançamento do pacote de socorro, em Brasília, como reação à sobretaxa anunciada no início de julho pelo presidente americano, Donald Trump, o BNDES abriu um canal específico para as firmas interessadas darem entrada nos pedidos de empréstimo.
R$ 3,1 bi em pedidos
Conforme o balanço inicial, desde a manhã de quinta-feira o BNDES recebeu R$ 3,1 bilhões em pedidos de crédito. Desde o primeiro dia de consultas, 2.236 empresas acessaram o sistema, e 533 foram confirmadas como elegíveis.
Além do R$ 1,2 bilhão já aprovado, o R$ 1,9 bilhão restante se refere a pedidos em análise. Desse valor em análise, R$ 1,7 bilhão está em pedidos referentes à linha Giro Diversificação, voltada para a busca de novos mercados.
Nos 75 empréstimos já aprovados nos dois primeiros dias, a larga maioria foi para a indústria de transformação, com 84,1% do total. O mercado americano é um importante destino para as exportações de manufaturados do Brasil e, por isso, a indústria de transformação é tida como a mais afetada pelo tarifaço.
Além disso, os bens industriais costumam ser produzidos conforme especificações e hábitos de consumo dos mercados de destino. São mais difíceis de ser redirecionados do que matérias-primas e insumos, tanto agrícolas quanto da indústria extrativa.
Segundo o BNDES, o restante das operações foi para os seguintes setores: agropecuária (6,1%), comércio e serviços (5,7%) e indústria extrativa (4,2%).
Do valor total aprovado até agora, 30% foram para pequenas e médias empresas, e o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, enalteceu a agilidade do corpo técnico do banco na operação das novas linhas de financiamento.
CONDIÇÕES PARA O CRÉDITO
Têm direito ao crédito subsidiado empresas, de todos os portes, cuja receita com vendas ao mercado americano de produtos sobretaxados seja igual ou superior a 5% do faturamento bruto total entre julho de 2024 e junho deste ano.
No Plano Brasil Soberano, além de R$ 30 bilhões em crédito com juros abaixo das taxas de mercado provenientes do Fundo de Garantia à Exportação (FGE), o BNDES mobilizou mais R$ 10 bilhões, de fontes próprias, disponíveis para quaisquer empresas que tenham sido afetadas pelas sobretaxas do governo de Donald Trump, mesmo que o impacto seja abaixo de 5% do faturamento bruto anual, mas com condições de financiamento menos vantajosas do que as do FGE.
CMN MUDA PENALIDADE
Em reunião extraordinária realizada ontem, o Conselho Monetário Nacional (CMN) reduziu a penalidade prevista para empresas afetadas pelo tarifaço dos Estados Unidos que contratarem crédito para exportação, mas embarcarem um valor inferior ao financiamento.
A mudança na resolução que regulamentou as linhas emergenciais com recursos do Fundo de Garantia à Exportação vale apenas para as empresas com 5% a 20% do faturamento atingido pelas tarifas.
A penalidade estabelecida era a incidência da Selic, hoje a 15% ao ano, sobre a diferença entre o valor financiado e o efetivamente exportado. Agora cairá para 8%. Para as empresas com mais de 20% do faturamento afetado pelo tarifaço, a penalidade continua em 2% ao ano. A norma aprovada pelo CMN entrou em vigor ontem mesmo.
(Colaborou Thaís Barcellos)