Lunes, 22 de Septiembre de 2025

Retomada dos ipos na bolsa de valores deve ficar para 2027

BrasilO Globo, Brasil 22 de septiembre de 2025

A Bolsa brasileira vive o maior jejum de ofertas públicas iniciais (IPOs, na sigla em ...

A Bolsa brasileira vive o maior jejum de ofertas públicas iniciais (IPOs, na sigla em inglês) desde o início da série histórica, em 2004. A última operação do tipo ocorreu em dezembro de 2021, e a perspectiva é que a fila continue travada pela combinação de juros altos e incertezas políticas que reduzem a atratividade da renda variável.
Especialistas projetam que a seca de ofertas deve se estender por mais 15 a 18 meses. No entanto, um catalisador para a reabertura da janela para os IPOs tem data marcada: entre outubro e novembro do ano que vem. A eleição de um governo fiscalmente responsável poderia atrair capital e destravar a fila dos IPOs no início de 2027.
Rafael Oliveira, gestor dos fundos de ações da Kinea, explica que essa agenda é crucial para atrair o investidor estrangeiro de longo prazo, um perfil que efetivamente participa de IPOs:
" A eleição de um presidente e de um Congresso preocupado com as finanças públicas põe fim ao imbróglio político.
Isso, portanto, abriria espaço para quedas de juros mais sustentáveis. E juros mais baixos sempre tornam a renda variável mais atraente, o que significa mais investidores com apetite para ações já listadas na B3 ou estreantes.
A crença nesse horizonte faz com que Oliveira considere este um bom momento para investir na Bolsa brasileira:
" É uma mistura de "terra arrasada" com "luz no fim do túnel": preços muito comprimidos e um futuro promissor.
O gestor não vislumbra a retomada da captação de forma expressiva nos fundos de ações antes das eleições federais " ou até que o cenário político fique mais claro. Então, com os fundos de ações e multimercado sem capital e investidores ainda avessos ao risco, os quatro anos de jejum de ofertas públicas na bolsa podem se transformar em cinco " possivelmente seis.
O dilema do preço
O mercado vive um impasse: de um lado, empresários se recusam a vender suas companhias a preços baixos. O múltiplo de preço sobre lucro (P/L) do Ibovespa, que estima o tempo de retorno de um investimento em anos, está em torno de 9 vezes, bem abaixo da média histórica de 11 e dos picos de 20 vezes vistos em 2021. Quanto menor esse número, mais desvalorizadas estão as ações, e empresário nenhum quer vender um pedaço da sua empresa na Bolsa recebendo pouco por esse quinhão.
Do outro lado está a demanda (leia-se, os investidores) que, com a Selic em 15% ao ano, não tem apetite para pagar mais caro por ações, preferindo a segurança e o retorno dos títulos de renda fixa.
" Como o cotista está, de maneira geral, menos paciente para ver os retornos, as estratégias também ficam mais focadas no curto prazo " diz o gestor da Kinea.
Essa aversão ao risco é amplificada pelo que ocorreu após a última janela de euforia na Bolsa. Com a renda variável anabolizada frente a uma Selic na mínima histórica (2% ao ano), 74 empresas que fizeram IPO captaram R$ 109,6 bilhões, ao todo " e 2021 terminou com número recorde de ofertas públicas em um ano. Mas muitos desses negócios não estavam maduros para abrir capital.
O resultado deixou uma cicatriz nas carteiras dos investidores que entraram nesses IPOs: 61% das ações dessas novatas desvalorizaram entre a data de estreia até 19 de setembro, e 14 (19%) das empresas saíram da Bolsa de lá para cá. Ou seja, um balanço para lá de negativo.
O agravamento do cenário macro, marcado pela escalada da Selic de 2% para 13,75% em menos de um ano e meio, engatilhou a debandada da renda variável. Assim, o volume de negociação do Ibovespa caiu de R$ 30 bilhões diários para cerca de R$ 16 bilhões, e o apetite dos investidores por novas ações foi a reboque.
Esse giro financeiro também peca em qualidade: metade das operações com ações atualmente é feita por robôs de alta frequência. Essas ferramentas são usadas por investidores focados no curto prazo que, para isso, lançam mão de estratégias quantitativas. Por isso, esses agentes não participam de IPOs.
Enquanto isso, o universo de empresas na Bolsa também ficou cerca de 10% menor, graças à "reversão" dos IPOs, a exemplo da aquisição da Getninjas e da fusão do Grupo Soma com a Arezzo. No fim de 2021, 463 companhias tinham o capital negociado na Bolsa, contra 416 atualmente, segundo a B3.
Para Victor Baptistin, sócio da área de mercado de capitais do Dias Carneiro Advogados, a tendência de as empresas fecharem capital deve continuar pelo menos por este e pelo próximo ano, como parte de uma busca por eficiência para os investidores, o que passaria por novas estratégias e redução de custos em um momento de correção de valores na Bolsa.
Na ausência de IPOs ou ofertas subsequentes de ações, empresas têm recorrido à emissão de debêntures, Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) e do Agronegócio (CRAs) para alongar as dívidas, conta Haroldo Machado, sócio da TCP Partners e professor do Ibmec-Rio:
" Outro movimento que cresceu nos últimos anos foi o de recompra de ações pelas tesourarias das empresas emissoras. O gestor considera o ativo da própria empresa subestimado, mas o mercado segue sem apetite, então a recompra vira uma forma de elevar o valor para o acionista.
Retomada seletiva
O patamar exato para a Selic engatilhar a tomada de risco é incerto em um cenário global mais inflacionário. Segundo os especialistas, a janela para novos IPOs só reabrirá quando os múltiplos das ações listadas subirem a ponto de os gestores sentirem desconforto de pagar caro, o que incentiva a busca por novas empresas na Bolsa.
De qualquer forma, quando a fila de IPOs andar, o mercado brasileiro estará mais seletivo. A expectativa é que a primeira leva seja puxada por companhias maiores, de setores resilientes como energia, infraestrutura, saneamento e agronegócio.
Bruce Barbosa, sócio-fundador da Nord Investimentos, avalia que, numa segunda etapa, a tendência é os investidores, infelizmente, repetirem erros do último ciclo:
" O mercado é assim. Ele primeiro prioriza a rentabilidade. Mas conforme as empresas ficam muito concorridas, ele vai se abrindo a todos os tipos de teses.
Isso significa comprar papéis de boa qualidade, mas também aqueles de qualidade duvidosa. Nessa hora, a janela de mercado lembra um grande portão: entram muitas empresas, as boas e as nem tão boas assim.
Mas, para Baptistin, as empresas de tecnologia, por exemplo, não conseguirão mais abrir capital baseadas apenas em promessas de crescimento futuro. Ele avalia que o mercado agora exige solidez financeira comprovada, o que faz com que as candidatas a IPO nesse setor precisem apresentar "teses mais consolidadas, com receita recorrente e até lucratividade".
La Nación Argentina O Globo Brasil El Mercurio Chile
El Tiempo Colombia La Nación Costa Rica La Prensa Gráfica El Salvador
El Universal México El Comercio Perú El Nuevo Dia Puerto Rico
Listin Diario República
Dominicana
El País Uruguay El Nacional Venezuela