Ganhos no tesouro direto deverão ficar mais magros com queda da selic
O Tesouro Direto oferece atualmente algumas das maiores oportunidades de rentabilidade da ...
O Tesouro Direto oferece atualmente algumas das maiores oportunidades de rentabilidade da última década. No entanto, com a expectativa crescente de que o Banco Central comece a cortar a Taxa Selic no início de 2026, esses retornos podem estar com os dias contados. Enquanto a autoridade monetária mantém a taxa básica em 15% ao ano, o consenso do mercado é que os juros estão próximos ou já no pico do ciclo, e como a projeção de cortes só deve se concretizar quando a inflação estiver na meta, os títulos públicos devem continuar a oferecer taxas muito acima da média histórica.
Analistas avaliam que é bom se apressar para aproveitar o cenário tão lucrativo dos títulos públicos, já que, com a queda da Selic, o movimento desses papéis será mais de queda do que de alta. O Tesouro Prefixado com vencimento em 2028, por exemplo, chega a pagar quase 14% ao ano. Já o Tesouro IPCA+, em prazos mais longos, como 2035 ou 2045, tem retorno real (acima da inflação) superior a 7% ao ano. Em ambos os casos, os níveis estão bem acima do que costumam ficar.
Na prática, isso significa que o investidor que comprar esses papéis agora pode assegurar ganhos robustos, independentemente do que acontecer nos próximos anos. Caso a Selic comece de fato a cair em 2026, quem comprou agora verá seus títulos se valorizarem pela "marcação a mercado", mecanismo pelo qual os preços dos papéis variam diariamente de acordo com as expectativas de juros. O efeito é direto: quando os juros futuros caem, os títulos prefixados e os indexados à inflação (IPCA), comprados anteriormente, ficam mais valiosos, já que oferecem uma taxa maior do que a disponível no mercado naquele momento.
Sidney Lima, da Ouro Preto Investimentos, vê uma oportunidade rara:
" O investidor pode travar uma taxa de dois dígitos com risco soberano (o melhor possível). Quando a Selic começar a cair, esses títulos vão se valorizar de forma significativa.
Antonio Patrus, analista da Bossa Invest, diz que "Selic em 15% é excepcional, e o juro de hoje não será o juro do futuro". Para ele, o risco de esperar demais é perder a chance:
" Juros não ficam estacionados. Quando o mercado começar a precificar queda da Selic, os prêmios caem rapidamente. É um movimento que pode acontecer em questão de semanas.
Prefixado ou IPCA+?
Para Lima, os prefixados são a principal aposta para capturar ganhos com a queda de juros. Quando a Selic começar a recuar, quem comprou papéis pagando 13% verá valorização expressiva desses títulos no mercado secundário.
Patrus, porém, destaca o caráter defensivo do Tesouro IPCA+, por garantir, mesmo em cenário adverso, que o investidor preserve poder de compra.
Por isso, gestores recomendam uma estratégia combinada: títulos prefixados para horizontes médios, aproveitando a valorização que terão com queda de juros, e os que oferecem IPCA mais um percentual de retorno para prazos longos, garantido um ganho acima da inflação, faça chuva ou faça sol.
No entanto, vale manter a questão fiscal no radar. Lima resume a equação:
" Enquanto não houver disciplina nas contas públicas, o mercado vai exigir retorno elevado para financiar a dívida. É esse mesmo retorno que hoje aparece nas taxas do Tesouro Direto.
Esse risco, paradoxalmente, reforça a atratividade. Afinal, nunca foi tão fácil para o investidor pessoa física acessar retornos antes restritos a grandes fundos ou investidores institucionais.
Os especialistas recomendam atenção à forma de investir. Fazer aportes periódicos, em vez de aplicar todo o dinheiro de uma só vez, ajuda a diluir riscos. Assim, mesmo que haja oscilações de curto prazo, o investidor consegue capturar uma média de taxas elevadas.