Ambipar diz que fatia do ceo foi reduzida ‘ilegalmente’

A empresa de serviços ambientais Ambipar informou ao mercado ontem que seu controlador, o empresário e CEO Tércio Borlengui Junior, teve sua participação (direta e indireta) diluída de 73,48% para 67,68% "ilegalmente", movimento que, diz a empresa, estaria por trás da perda de R$ 20 bilhões em valor de mercado da companhia.
A empresa acusa o banco Bradesco, a corretora Genial e o grupo Opportunity de executaram "ilegalmente ações de propriedade do controlador, sem sua autorização e em descumprimento à medida cautelar" do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ). As ações eram mantidas como garantia.
Mês passado, a Ambipar obteve no TJRJ uma medida cautelar que a protege de execução de dívidas por 30 dias, prorrogáveis por igual período. O estopim dos problemas foi um empréstimo com o Deutsch Bank, de US$ 35 milhões. O banco estaria cobrando o pagamento de garantias vinculadas ao contrato, o que poderia ser o gatilho para antecipação de débitos de até R$ 10 bilhões com outros investidores. O pedido antecipado de proteção coloca a companhia " que atua em mais de 40 países " perto da recuperação judicial. Com a crise, de 24 de setembro até o início da tarde de ontem, as ações da Ambipar já caíram 92% na B3.
De acordo com a Ambipar, a "transferência indevida" de ações de Borlengui Junior foi feita entre 30 de setembro e 6 de outubro, após a medida cautelar, de 25 de setembro.
Credores da Ambipar contestam a liminar, e o fato de ela ter entrado com a ação judicial no TJRJ e não no Judiciário paulista. Ontem, o TJRJ manteve a decisão que concede a tutela cautelar para Ambipar, assegurando a continuidade das medidas voltadas à reestruturação da companhia.
Procurado, o Opportunity disse que não está executando antecipadamente qualquer dívida de Borlenghi Junior. Segundo o Opportunity, a alienação de ações pelo FIP corresponde a uma venda no mercado secundário, que "não afeta o caixa da Ambipar". Bradesco e Genial não retornaram até o fechamento desta edição.