Sábado, 18 de Octubre de 2025

Eletrobras vende fatia na eletronuclear para j&f, dos irmãos batista

BrasilO Globo, Brasil 16 de octubre de 2025

A Eletrobras vendeu para a Âmbar Energia toda a sua participação na Eletronuclear, estatal ...

A Eletrobras vendeu para a Âmbar Energia toda a sua participação na Eletronuclear, estatal responsável pela operação e construção de usinas nucleares no país, como Angra 1 e 2, no sul do Estado do Rio. A compradora é o braço de energia do grupo J&F, dos irmãos Joesley e Wesley Batista, que controlam outras empresas como a gigante de carnes JBS, a Eldorado Celulose, o Banco Original e o PicPay.
O valor do negócio, anunciado ontem pela Eletrobras, é de R$ 535 milhões, com a J&F assumindo obrigações financeiras da companhia privatizada em 2022 junto à Eletronuclear. A transação marca a entrada da empresa dos irmãos Batista na energia nuclear e viabiliza o plano atual da Eletrobras de focar em geração de fontes renováveis e transmissão.
A J&F ficará com 68% do capital total e 35,3% das ações com direito a voto da Eletronuclear, que seguirá controlada pela Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear (ENBPar), estatal vinculada ao Ministério das Minas e Energia, com 32% do capital total e 64,7% do votante. É mais uma demonstração do apetite dos irmãos Batista por novos negócios, pouco depois de a JBS abrir capital nos EUA, onde Joesley inclusive se tornou interlocutor do presidente Donald Trump. Ele intercedeu junto ao republicano em favor de uma negociação do tarifaço sobre produtos brasileiros com o governo Lula.
Ações subiram
A possibilidade de venda da fatia na Eletronuclear pela Eletrobras foi prevista no Termo de Conciliação firmado entre a ex-estatal e a União, homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em março. No mercado, a reação ao negócio foi positiva. As ações da Eletrobras chegaram a subir 2,85% no fim da manhã, logo após o anúncio, e fecharam com alta de 2,33%. Em um dia, a empresa ganhou R$ 2,9 bilhões em valor de mercado. É avaliada agora em R$ 123,3 bilhões.
"O movimento é coerente com o foco estratégico da Eletrobras de se consolidar como a maior empresa de energia elétrica renovável do país após a privatização", escreveram analistas da Ativa Investimentos em relatório. Para os do Itaú BBA, o negócio é "o último grande esforço" de redução da exposição a riscos da Eletrobras desde seu processo de privatização e "um marco importante para a empresa".
Com a venda, a Eletrobras simplifica sua estrutura corporativa e reduz incertezas jurídicas e regulatórias associadas à Eletronuclear. O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) vem adiando uma decisão sobre a retomada das obras de Angra 3, a terceira usina nuclear do país. A construção se arrasta desde os anos 1980 e se tornou um dos projetos mais longos e controversos do setor energético nacional. Retomar a obra ou desmobilizar o que já foi feito terá um custo bilionário para a Eletronuclear, um problema do qual a Eletrobras agora se afasta.
A companhia já vinha desinvestindo no setor térmico, inclusive com vendas à própria Âmbar. Ainda neste mês, entregou a termelétrica movida a gás natural Santa Cruz, no Rio, por R$ 703,5 milhões, a última de 13 usinas que tiveram a venda anunciada em junho do ano passado para a empresa do J&F. As outras 12 são do Amazonas. No total, a Eletrobras levantou R$ 3,6 bilhões saindo da geração térmica. Agora passa a ter um portfólio composto exclusivamente de fontes renováveis. A meta da empresa é, em 2030, se tornar Net Zero, zerando a emissão de gases causadores do efeito estufa.
Livre de R$ 20 bi
Para Ilan Arbetman, analista da Ativa, a saída da Eletronuclear libera caixa para a Eletrobras fazer investimentos alinhados às novas diretrizes da empresa após a privatização:
" A Eletrobras se livra de ter que investir algo como R$ 20 bilhões para concluir Angra 3, um ativo que não é mais seu foco, e cria espaço para alocar capital em projetos que fazem sentido para a companhia.
Ele acrescentou que, para o J&F, é uma forma de acelerar sua expansão de portfólio entrando na geração nuclear, um tipo de operação que é "nichada" no Brasil. A Âmbar assumirá garantias de R$ 6 bilhões prestadas pela Eletrobras em favor da estatal nuclear a credores. Além disso, ficará responsável pela futura integralização das debêntures emitidas em acordo firmado com a União no início deste ano, no valor de R$ 2,4 bilhões. A Eletrobras havia se comprometido a destinar esses recursos para a extensão da vida útil de Angra 1.
A venda da fatia na Eletronuclear foi assessorada pelo banco BTG Pactual. Considerando o que investiu na estatal, a Eletrobras fará uma provisão de R$ 7 bilhões no balanço do terceiro trimestre. (Colaborou Roberto Malfacini)
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