Alcance do seguro rural diminui com subvenção menor
A baixa cobertura do seguro rural ainda é um entrave para o agro brasileiro. Há um ...
A baixa cobertura do seguro rural ainda é um entrave para o agro brasileiro. Há um consenso de que é preciso aumentar o alcance da garantia de lavouras e fazendas contra enchentes e secas. Porém, as discussões sobre como reforçar a subvenção ao prêmio das apólices, ou sobre como aumentar o acesso ao seguro, seguem infrutíferas.
O apoio ao seguro rural tem até diminuído. Neste ano, o Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR) tinha orçamento de R$ 1,06 bilhão, mas o governo bloqueou R$ 354,6 milhões, que serviriam para subsidiar os prêmios dos seguros. E a pasta da Agricultura admite que "não há previsão de desbloqueio".
Previsão de secas
Com menos dinheiro, a próxima safra de soja pode acabar sem qualquer seguro. O plantio está em andamento e não há um só hectare com proteção contratada. No ciclo 2025/26, a soja deve ocupar 49,1 milhões de hectares, prevê a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Até o momento, considerando todas as culturas, o PSR alcançou menos de 2,2 milhões de hectares. A previsão é que a área total de outras culturas coberta com ajuda federal não chegue a 3 milhões de hectares. Se a projeção se confirmar, a cobertura será de menos da metade da de 2024, de 7,1 milhões de hectares, e uma das menores da série histórica, iniciada em 2006.
" Este ano, teremos o menor índice de cobertura de seguro rural na agricultura por causa da redução dos recursos alocados pelo governo " disse o presidente da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), Dyogo Oliveira, em evento em Brasília.
No Paraná e no Rio Grande do Sul, o receio dos agricultores aumentou com a confirmação do fenômeno La Niña no verão, que pode causar secas nos dois estados que mais contratam apólices com o subsídio no país. Eles temem ficar sem cobertura para a soja em momento decisivo do clima.
Segundo a Confederação Nacional de Municípios (CNM), na última década, os extremos climáticos causaram perdas de R$ 300 bilhões. Pedro Loyola, coordenador do Observatório do Seguro Rural do Centro de Estudos do Agronegócio da FGV Agro, diz que a venda de seguro caiu 40% em várias seguradoras. Elas reclamam que o governo demora a pagar a subvenção das apólices contratadas. A dívida este ano é de R$ 434 milhões.
" Estamos preocupados com a repetição do que ocorreu em 2024. Mais de 90% de tudo que foi aplicado em 2025 não foi pago " disse Glaucio Toyama, da Federação Nacional de Seguros Gerais.
Toyama será um dos participantes da segunda edição do Agro Horizonte, na quarta-feira, em Brasília, e que terá o seguro rural como um dos temas. A senadora Tereza Cristina (PP-MS), autora de projeto sobre seguro, está confirmada no evento. A iniciativa é da revista Globo Rural e vai reunir especialistas sobre o setor. A Globo Rural integra o núcleo formado pelos jornais O GLOBO e Valor e pela Rádio CBN. Inscrições para o evento podem ser feitas no endereço https://oglobo.globo.com/projetos/agrohorizonte/(Colaborou Patrick Cruz)