José junior: o verdadeiro traficante nunca pisou  na favela

Quinta-feira, dia 6 agora, estreia a quarta temporada da série "Arcanjo renegado", pelo Globoplay. A nova série foi, naturalmente, gravada antes da megaoperação policial de terça-feira passada nos complexos do Alemão e da Penha, que resultou na morte de 121 pessoas, incluindo quatro policiais. Mas o universo abordado na ficção em "Arcanjo renegado", desde que ela surgiu em 2020, criada por José Junior, carioca, de 57 anos, é o mesmo do mundo real e inclui, entre outros, violência, tráfico de drogas e corrupção de policiais e políticos.
Junior ficou conhecido em 1993, quando criou o AfroReggae, com a missão de promover inclusão por meio da cultura afro-brasileira. Sem comentar diretamente a matança desta semana em favelas cariocas, José Junior diz que, "nessa quarta temporada, a série mostra que o verdadeiro traficante nunca pisou na favela". "Arcanjo renegado" procura provar que o problema das drogas é mais complexo. "A gente mostra o tráfico internacional de drogas em alta escala, como eles operam " inclusive alguns deles operam sem uso da violência."
Para ele, nessa guerra urbana que a gente vê aqui, essa turma lá de cima não está envolvida. "Eles têm responsabilidade, claro, mas não estão nessa guerra diária que a gente sempre viveu no Rio de Janeiro, mas que hoje a gente vê no Brasil inteiro."
Em tempo: do roteiro dessa nova temporada de "Arcanjo renegado" consta ainda que "a crescente violência no Rio de Janeiro domina a pré-campanha para o governo do estado". Veja a coincidência: alguém tem dúvida, principalmente depois da operação militar no Alemão e na Penha, de que a violência será o grande tema da eleição para o governo do Rio ano que vem? Nesse caso, recomenda-se, além do chá de camomila, cuidado com falsos profetas que prometem resolver, de uma vez por todas, a questão da violência dando, por exemplo, um tiro na "cabecinha" do bandido. Esse filme já foi exibido por aqui, e o final, além de inócuo, virou um grande assalto aos cofres públicos.