Veja como funciona o atlas, navegador do chatgpt
Um "superassistente" que integra o ChatGPT a qualquer lugar da internet, seja o e-mail ou ...
Um "superassistente" que integra o ChatGPT a qualquer lugar da internet, seja o e-mail ou um site de compras. É mais ou menos assim que a OpenAI definiu o Atlas, navegador com inteligência artificial (IA) lançado no mês passado. A proposta é que o usuário converse com o navegador, que usa IA para interagir com as páginas. Essa é a mais nova investida da empresa liderada por Sam Altman para tentar abocanhar parte do mercado do Google, dessa vez, tendo o Chrome como alvo. Desde o Netscape e o Internet Explorer, os navegadores funcionam como a porta de entrada da web. Eles permitem o acesso, interpretação e exibição de páginas e traduzem códigos e links em plataformas navegáveis.
Com o tempo, ser esse ponto de acesso tornou-se estratégico na economia on-line. O exemplo disso é o próprio Chrome, que há mais de dez anos domina o mercado. É com ele que o Google coleta dados sobre navegação dos usuários e, assim, impulsiona seu negócio bilionário de publicidade.
Mas, para além da disputa mercadológica, o que significa para o usuário ter a IA como um navegador? E será que ele funciona mesmo? Nós testamos e contamos tudo.
Como funciona e quem pode usar
O Atlas está disponível apenas para macOS, o sistema operacional da Apple. As versões para Windows, iOS e Android ainda "estão a caminho", segundo a OpenAI, que não divulgou quando serão lançadas. O navegador é gratuito. Algumas funcionalidades, porém, são exclusivas para quem assina os planos pagos do ChatGPT. Esse é o caso do modo "agente", que executa tarefas mais elaboradas em páginas da internet, como fazer as compras.
Ao abrir o navegador, o usuário encontra de cara a aba de conversa da IA com a mensagem: "Pergunte ao ChatGPT ou digite uma URL". Pela caixa de diálogo é possível fazer consultas por voz, anexar arquivos ou criar uma imagem (as mesmas do ChatGPT). Mas há funções específicas. Uma delas é a de "Buscar em abas" " a IA acessa as abas abertas e pode responder a pedidos com base nelas. O Atlas traz uma "memória do navegador", que registra as páginas acessadas e recupera o histórico.
A questão principal do Atlas é a onipresença do ChatGPT: a IA está o tempo todo disponível como uma aba lateral, seja para resumir um PDF ou revisar um e-mail.
Como é navegar com o ChatGPT integrado
A integração do ChatGPT faz com que o Atlas "enxerge" o conteúdo acessado pelo usuário e dialogue a partir disso. Ao entrar em um site de notícias, a IA pode organizar nessa aba quais são as principais chamadas e resumir as informações. Isso vale para as dicas de um blog de viagem ou a busca de um dado em um PDF. Essa integração funciona para além do texto. No YouTube, foi possível abrir um vídeo e pedir um resumo do conteúdo com a minutagem. Em páginas protegidas por "paywall", a IA tende a dizer que "não pode acessar o conteúdo".
Outra funcionalidade é interação direta com os aplicativos como o e-mail ou Google Docs. O Atlas foi bem ao traduzir do português para o inglês um e-mail simples, diretamente da caixa de envio. Para isso, basta selecionar o texto " o símbolo do ChatGPT aparece no canto, com uma caixa de conversa. Ainda no e-mail, é possível pedir para a IA pesquisar mensagens. No Google Docs, os resultados foram inconsistentes nas primeiras tentativas. O recurso não conseguiu responder com base no trecho selecionado. Só em um terceiro pedido ele revisou o parágrafo certo.
No caso do agente, a funcionalidade é parecida com a que existe no ChatGPT, mas integrada ao navegador. Ao pedir uma pesquisa sobre um produto em uma plataforma de e-commerce, a IA levou alguns minutos para chegar até a opção, mas atendeu ao pedido.
O agente pode ser interessante para pesquisas que envolvem acessos a múltiplos sites. O recurso ainda demora para executar tarefas simples, como enviar um e-mail sozinho ou fechar uma compra.
Privacidade e o que vem no pacote
Com um navegador próprio, a OpenAI amplia o uso do ChatGPT e passa a acessar dados de navegação. Esse é um passo essencial se a empresa decidir ter uma monetização que inclua a publicidade.
Mas o acesso ao que o usuário vê, escreve e navega levanta preocupações. No Atlas, o ChatGPT lê o conteúdo das páginas abertas, interage com campos de texto e guarda contexto de navegação " dados que, embora úteis para personalização, tocam em zonas sensíveis de privacidade.
A OpenAI afirma que a "memória" do navegador é opcional e pode ser desativada, assim como o histórico de navegação (é preciso acessar as configurações para desativar). É possível também limitar o que o ChatGPT acessa, abrir janelas anônimas e apagar registros de forma manual.
Preocupação com segurança e vazamento de dados
No caso dos agentes, há preocupações com segurança. Entre elas, o risco de vazamento de dados e de ataques por meio de sites maliciosos que "confundam" a IA de forma proposital. O perigo aumenta no caso de acessos liberados por login. Segundo a OpenAI, o agente tem restrições: não pode executar código, instalar extensões ou acessar o sistema de arquivos. Para ser ativada, a navegação autônoma depende de autorização do usuário.