Brasileiro tem recorrido a cartão que usa ‘stablecoin’
Desde o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) em compras internacionais no ...
Desde o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) em compras internacionais no cartão e remessas ao exterior, brasileiros têm recorrido cada vez mais às stablecoins " criptomoedas com valor estável e atreladas a moedas como dólar e euro " como alternativa barata. O movimento têm se popularizado pelo lançamento no varejo de cartões que usam stablecoins por trás da conversão entre moedas. A promessa é que as transações são mais baratas do que as de plataformas populares como Wise e Nomad.
Uma dessas empresas é a Picnic, que oferece carteira de ativos digitais. Em abril, ela lançou um cartão internacional de débito Visa em parceria com a Gnosis Pay. Diferentemente dos cartões tradicionais, o da PicNic não exige vínculo com contas bancárias. O fundos ficam armazenados em uma carteira digital sob controle do próprio usuário, no modelo de autocustódia.
O cliente pode depositar reais via Pix ou enviar criptomoedas como Bitcoin, Ethereum ou USDT. O saldo é convertido em USDC (stablecoin lastreada em dólar) na rede Gnosis, ficando disponível em poucos segundos para uso em qualquer local que aceite Visa, no Brasil ou no exterior.
Além de IOF zero, já que este tipo de transação não é considerada até o momento uma operação cambial, a empresa promete zero spread cambial e custos de conversão até 2% menores do que os concorrentes. Numa simulação rápida, uma viagem de R$ 10 mil ao exterior geraria economia de cerca de R$ 500 em relação a plataformas como Wise e Nomad, e cashbacks que podem chegar a R$ 200 ou R$ 300.
risco operacional
Segundo o fundador da PicNic, João Ferreira, mais de 10 mil pessoas já usaram o serviço, e a empresa afirma ter crescimento de 30% ao mês. As taxas para carregar o cartão ficam em 0,5% acima da cotação comercial do dólar, considerando o custo de conversão entre stablecoins de real e de dólar em corretoras descentralizadas. Para a PicNic, a principal fonte de receita é a participação que recebem da taxa da maquininha do cartão.
" Uma das principais vantagens de construir em cima de infraestrutura financeira com blockchain (tecnologia por trás de criptomoedas como Bitcoin) é que o custo de desenvolvimento fica mais barato, então estamos nos posicionando para competir por eficiência porque acreditamos que conseguimos prover um serviço superior com custo menor do que outros players tradicionais " diz Ferreira.
Em meio às discussões sobre regulamentação do uso de cripto para câmbio pelo BC, o executivo diz que acompanha:
" Atuamos em total cumprimento com as regras brasileiras e estrangeiras. Estamos nos preparando para o que vier e esperando por mais detalhes para entender se vai ser necessário fazer ajustes.
Apesar das vantagens, há riscos operacionais e de custódia no uso de cartões de stablecoins. Segundo Rocelo Lopes, CEO da SmartPay, o principal problema ocorre em modelos em que as criptomoedas ficam sob controle da empresa emissora. Nesses casos, o usuário apenas carrega o cartão em reais e a empresa faz a conversão para stablecoins e guarda os ativos em suas carteiras. Se houver falha, ataque hacker ou até se a empresa encerrar operações, o cliente pode perder o saldo, já que não é o detentor direto das criptomoedas.
O risco é menor quando o serviço opera em modelo de autocustódia, no qual os fundos ficam na carteira do próprio usuário, sob seu controle. Ainda assim, há outros pontos de atenção, diz Rocelo. A blockchain utilizada pode falhar, códigos podem ser vazados, comprometendo a segurança dos recursos:
" Pode ter problema de smart contract, de vazar código e por aí vai. E aí o usuário ficar sem a criptomoeda.