Motiva, ex-ccr, vende 20 aeroportos para mexicana asur
A operadora de concessões de infraestrutura Motiva (ex-CCR) anunciou na noite de ontem a ...
A operadora de concessões de infraestrutura Motiva (ex-CCR) anunciou na noite de ontem a venda integral de sua plataforma de aeroportos, a Motiva Aeroportos, que inclui 20 terminais na América Latina " como Confins e Pampulha, em Belo Horizonte, além de Curitiba, Goiânia e Foz do Iguaçu " por R$ 11,5 bilhões para a mexicana Asur. Esta opera aeroportos no sudeste do México, incluindo os terminas de Cancún e Cozumel, e em Porto Rico e Colômbia.
A transação já era aguardada pelo mercado. Em março, a Motiva contratou assessores financeiros para ajudar a procurar compradores. A decisão faz parte da estratégia de simplificar as concessões detidas pela ex-CCR. A companhia já havia anunciado a meta de levantar R$ 10 bilhões com a venda de concessões.
Com o negócio, alguns dos principais aeroportos do Brasil passarão às mãos da Asur. A empresa mexicana, que tem ações negociadas na Bolsa de Nova York, recebeu 71,3 milhões de passageiros em 2024, alta de 1,1% ante 2023, num total de 16 aeroportos. No terceiro trimestre, a receita total da Asur foi de 8,765 bilhões de pesos mexicanos (R$ 2,541 bilhões), alta de 17,1% ante igual período de 2024.
APROVAÇÃO DA ANAC
A Motiva Aeroportos recebe em torno de 45 milhões de passageiros ao ano. Os 20 terminais operados pela plataforma " são 17 no Brasil, mais aeroportos no Equador, em Curaçao e na Costa Rica " registraram receita líquida de R$ 2,96 bilhões no acumulado de 12 meses até o terceiro trimestre.
Com a venda integral da plataforma de aeroportos, a companhia agora ficará com a Motiva Rodovias " destaque para a RioSP, concessionária que opera a Via Dutra e a Rio-Santos " e a Motiva Trilhos " que opera o VLT Carioca e linhas de metrô em São Paulo e em Salvador.
Do valor total da transação, R$ 5 bilhões serão pagos pela Asur. Outros R$ 6,5 bilhões referem-se à dívida líquida das concessionárias de aeroportos, que agora ficarão a cargo do novo dono.
A conclusão da transação ainda passará pelo crivo da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e dos credores das concessionárias envolvidas. A expectativa é que o negócio seja concluído em 2026. Ele envolve ainda as operações nos seguintes terminais no Brasil: Navegantes e Joinville (SC); Londrina e Bacacheri (PR); Pelotas, Uruguaiana e Bagé (RS); São Luís e Imperatriz (MA); Petrolina (PE); Teresina (PI); e Palmas (TO).
Waldo Edwin Perez Leskovar, diretor vice-presidente de Finanças e Relações com Investidores da Motiva, disse ontem que os recursos levantados com a venda, e com futuras transações, poderão ser destinados tanto para reduzir a dívida da companhia quanto para investir em novas concessões.
" Temos uma série de oportunidades por vir, estamos estudando várias " afirmou Leskovar em teleconferência com analistas, convocada logo após o anúncio do negócio. " Teremos não só vários leilões, como repactuações (de concessões que estão em desequilíbrio) que estão por vir. Estamos atentos a todas as oportunidades.
O executivo ponderou que, independentemente da estratégia, a política de distribuição dos lucros com os acionistas será mantida e que as decisões de novos investimentos obedecerão a "um processo seletivo de alocação de capital", ou seja, que a companhia será rigorosa nas escolhas.
O diretor-presidente da Motiva, Miguel Setas, reafirmou ainda a estratégia de simplificação das operações, que inclui também a possibilidade de vendas isoladas de concessões e a busca por um sócio minoritário para a Motiva Trilhos.