Demissões e bloqueio de acesso: os primeiros dias da liquidação
A liquidação do Banco Master e das demais instituições do grupo começou na própria ...
A liquidação do Banco Master e das demais instituições do grupo começou na própria terça-feira, quando o Banco Central (BC) decretou o encerramento das atividades da instituição. Como liquidante, foi escolhido um veterano nessas operações, o ex-servidor do BC Eduardo Felix Bianchini, dono da EFB Regimes Especiais de Empresas. Ele foi responsável, por exemplo, pela liquidação do Banco Cruzeiro do Sul, em 2012, assim como pelo processo do Banco BVA e da Gradual Corretora.
A ordem em operações de dissolução é o liquidante ser o primeiro a chegar na sede do banco, às 6h, ou até mesmo antes. A equipe de resolução do BC não participa diretamente do trabalho, mas fica em contato com o liquidante.
Logo que entra na empresa, o liquidante bloqueia os acessos de todos os funcionários aos sistemas internos. Depois, avalia caso a caso quem vai retomar as credenciais.
Demissões também são comuns no primeiro dia. Para além dos diretores, que no caso do Master estão presos, a área comercial das instituições liquidadas deve ser descontinuada, já que a atividade foi suspensa. Mas as equipes de contabilidade e de tecnologia da informação costumam ser mantidas.
Há a possibilidade também de o liquidante fazer contratações para ajudá-lo a rever contas, documentos e registros contábeis, avaliar passivos e ativos, identificar os credores e fazer os pagamentos necessários com o dinheiro que houver em caixa, como para cartões de crédito.
Faz parte do processo a confecção de um balanço de abertura da liquidação, que vai descrever a situação financeira do Master no dia que o liquidante entrou. Depois, esses números serão auditados para verificar se são fidedignos. Nesse momento, deve ficar claro o tamanho do passivo a descoberto do Master, ou seja, o montante de compromissos financeiros que a instituição não tem recursos para pagar.
Além disso, uma das primeiras tarefas do liquidante é levantar todos os depositantes para informar ao Fundo Garantidor de Créditos (FGC), que vai ressarcir investidores e clientes que tinham recursos na instituição. O FGC estima que o processo para iniciar o pagamento demora, em média, 30 dias.
No caso do Master, são cerca de 1,6 milhão de credores com depósitos e investimentos elegíveis à garantia, em um valor total que pode chegar a R$ 48 bilhões. O FGC vai entrar no quadro geral de credores da liquidação, outro passo tradicional do processo de dissolução, mas dificilmente será ressarcido. A prioridade são as dívidas trabalhistas, depois os créditos com garantia e os tributários. (Thaís Barcellos)