Fitch e moody’s rebaixam nota de crédito do brb
As agências de classificação de risco Fitch Ratings e Moody’s rebaixaram a nota de crédito do BRB ...
As agências de classificação de risco Fitch Ratings e Moody’s rebaixaram a nota de crédito do BRB " Banco de Brasília " citando riscos e deficiências de governança e controle envolvendo o Banco Master. Ambas as agências expressaram preocupações significativas com a exposição do BRB e os potenciais impactos financeiros e operacionais decorrentes da aquisição de carteiras de crédito do Master, cuja liquidação foi decretada pelo Banco Central (BC) e que teve seu principl controlador e presidente, Daniel Vorcaro, preso pela Polícia Federal (PF).
Ontem, o Comitê de Estabilidade Financeira (Comef) do BC divulgou a ata da sua 63ª reunião, que abordou o caso Master, entre outros assuntos. O órgão consultivo concluiu que a liquidação do banco "não traz risco sistêmico". Segundo o Comitê, o conglomerado Master tem porte pequeno, representa apenas 0,57% do ativo total e 0,55% das captações do Sistema Financeiro Nacional.
O texto afirma que a supervisão do BC é conduzida com rigor e discrição, e, quando necessário, em colaboração com outras autoridades. A ata também destaca que a confiança, a reputação e o comportamento ético de instituições financeiras, controladores e dirigentes são fatores fundamentais para a estabilidade do sistema.
As investigações sobre as negociações e operações do Master com o BRB provocaram o afastamento do presidente do banco público do Distrito Federal, Paulo Henrique Costa, e do diretor de Finanças e Controladoria, Dario Oswaldo Garcia Júnior. Os rebaixamentos anunciados ontem pelas agências de risco refletem diretamente as investigações sobre a compra, pelo BRB, de carteiras de crédito do Master, suspeitas de fraude.
O QUE DIZEM AS AGÊNCIAS
Na escala de notas da Moody’s, que possui 21 graus, o BRB saiu da 14º para o 16º nível " o rating dos depósitos bancários de longo prazo está agora em B3, dois degraus abaixo do B1, a nota anterior. Além disso, a agência colocou a classificação em revisão para um possível novo rebaixamento.
Em comunicado, a Moody’s afirma que o movimento "reflete preocupações crescentes sobre as diretrizes e os controles de gestão de risco do banco após suspeitas de fraude em aquisições significativas de carteiras de crédito oriundas do Banco Master S.A., atualmente sob investigação."
A revisão, diz a Moody’s, só será concluída quando "houver maior clareza" sobre o impacto da investigação, bem como sobre a composição e a qualidade dos ativos absorvidos do Master após a substituição dos créditos originais.
"Avaliaremos os achados das investigações e os potenciais impactos na qualidade dos ativos, na capitalização e na geração de resultados do BRB, bem como sua capacidade de preservar posição de financiamento e liquidez durante um período de publicidade negativa, além das mudanças estratégicas que precisará implementar", diz a avaliação.
Já a Fitch Ratings rebaixou a nota de crédito do BRB para "CCC". É o 17º grau entre seus 21 níveis de avaliação. Segundo os critérios da agência, esse rating indica "risco de inadimplência substancial", e que "a capacidade de pagamento depende fortemente de condições favoráveis específicas".
A Fitch também manteve todas as avaliações do banco em perspectiva negativa.
A agência afirma que o caso representa um "significativo enfraquecimento da governança e dos controles internos de risco do banco", observando que as operações investigadas e as irregularidades apontadas podem afetar de forma relevante o balanço e a capitalização da instituição.
A Fitch destaca que as autoridades apontaram vários indícios de que partes das carteiras adquiridas "carecem de substância econômica" e podem não ser respaldadas por fluxos de caixa reais.
O BRB já reconheceu problemas em parte dessas operações e informou que ativos foram substituídos, mas o processo ainda é analisado pelo BC, por auditores e por órgãos de investigação.
GOVERNO NO DF
A agência retirou do BRB o "rating de suporte", avaliação que mede o quanto o controlador " no caso, o governo do Distrito Federal " teria capacidade e disposição de socorrer o banco caso a instituição enfrente dificuldades financeiras graves.
Segundo a Fitch, a combinação de investigações, disputas judiciais e risco político "cria incerteza substancial sobre a capacidade e o momento de qualquer eventual apoio do governo do Distrito Federal", levando a agência a concluir que não há expectativa razoável de socorro.