Forte demanda por chips põe em risco suprimento para celulares e carros
O expressivo avanço de data centers para suprir a demanda global por inteligência artificial (IA) ...
O expressivo avanço de data centers para suprir a demanda global por inteligência artificial (IA) fez os preços de semicondutores subirem consideravelmente, e há risco de restrições de chips no ano que vem. O alerta é da Associação Brasileira Indústria Elétrica Eletrônica (Abinee).
Em entrevista coletiva ontem, a entidade destacou que o aumento nos valores dos componentes "já é realidade" tanto no cenário global quando no mercado brasileiro, e que as indústrias monitoram "quando e como" serão impactadas por restrições.
" Com a explosão de data centers e tecnologias de IA, o mercado se reposicionou, e as empresas de semicondutores estão optando por atender esse segmento, que tem um valor agregado maior " afirma Mauricio Helfer, diretor de Informática da Abinee. " Pela nossa perspectiva, já é algo para impactar o fim deste ano e o início de 2026. Será um grande desafio para o nosso mercado e também para o setor automotivo.
De acordo com a consultoria TrendForce, os preços de alguns tipos de chips mais que dobraram desde fevereiro. Dados da empresa apontam ainda que os estoques vêm caindo: passaram de uma capacidade de atender 15 semanas de demanda, em outubro do ano passado, para apenas três no mesmo mês deste ano.
Faturamento cresce 4%
Na coletiva, os diretores da Abinee também apresentaram os resultados apurados em 2025. Apesar de uma queda de 1,4% na produção, a indústria brasileira de eletrônicos encerra o ano com faturamento de R$ 270,8 bilhões, um crescimento real (descontada a inflação) de 4% em comparação a 2024.
" O crescimento no faturamento pode ser explicado pela mudança no perfil do consumidor, que tem buscado produtos mais sofisticados e novas tecnologias " justifica Humberto Barbato, presidente da entidade.
Apesar de o tarifaço imposto pelo governo americano às exportações brasileiras, com sobretaxas de até 50%, os envios do setor ao exterior apresentaram alta em 2025 de 3%, totalizando US$ 7,9 bilhões. Os Estados Unidos foram o principal destino das exportações, correspondendo a 26% do total.
" Houve a antecipação de uma série de embarques antes que o tarifaço entrasse em vigor. De certa maneira, isso contribuiu de forma positiva. Daqui para a frente, a manutenção do tarifaço pode gerar maiores dificuldades " diz Barbato.