Um jogo para abrir caminhos
Artigo
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Para não fazer como a Fifa, que levou mais de uma hora de cerimônia até tirar a primeira bolinha de um pote, vamos direto ao ponto: o Brasil estreia na Copa do Mundo da América do Norte pondo à prova sua nova realidade no futebol. Quando o Marrocos foi sorteado como adversário para a primeira fase de 1998, houve festa. Era uma seleção africana sem tradição, considerada presa fácil. Agora, trata-se da quarta colocada na última Copa e da atual campeã mundial sub-20. A primeira derrota da tumultuada preparação brasileira para 2026 foi justamente para os marroquinos. Portanto, não vamos falar apenas do nervosismo do primeiro jogo às vésperas de 13 de junho. Também estaremos preocupados com o tamanho da encrenca.
Depois, a coisa tende a ficar mais simples, contra a Escócia, freguesa em outras quatro edições; e o Haiti, que volta depois da única participação, em 1974, favorecido pelo aumento no número de vagas. O sorteio não pôs no caminho da seleção Croácia, Noruega, Itália (caso passe pela repescagem) ou Gana, adversários que mais apareciam nas simulações de quem temia um começo difícil. Após Tom Brady abrir a primeira bolinha " justamente a do Brasil ", essa preocupação foi substituída por uma palavra, a mais usada para definir o grupo: acessível.
Mas o sorteio não apontou apenas os adversários da primeira fase. Em Washington, o Brasil também soube que não vai poder começar a aventura americana pelo Oeste, de preferência em Seattle, onde as temperaturas são um pouco mais amenas no verão. Os primeiros jogos serão na Costa Leste, com o calor que fustigou os jogadores e os avisos de tempestade que perturbaram os torcedores na Copa de Clubes. E, com a obrigação de se apresentar cinco dias antes da primeira partida, o prazo vai ficar apertado para uma preparação na Granja Comary. Talvez Ancelotti tenha de levar seus convocados diretamente para os Estados Unidos.
Como todos esperamos que a participação do Brasil não acabe na primeira fase, é importante também olhar para o cruzamento. Passar em primeiro significa enfrentar o segundo do Grupo F (Holanda, Japão, Tunísia e o vencedor de uma repescagem europeia) em Houston, onde fica um dos poucos estádios climatizados da Copa. Passando em segundo, o adversário é o líder do mesmo grupo, em Monterrey, no México. (Dá para se classificar como um dos melhores terceiros, mas não vou fazer essa conta, porque aí é melhor voltar logo.)
Essa diferença de logística aumenta a importância da partida contra o Marrocos. Uma estreia que pode apontar o caminho e dimensionar o tamanho do Brasil na Copa do Mundo.