Em dia volátil, bolsa recua 0,13%, e dólar vai a r$ 5,43
O mercado ontem foi marcado pela volatilidade. A Bolsa chegou a cair 1,9% logo após a ...
O mercado ontem foi marcado pela volatilidade. A Bolsa chegou a cair 1,9% logo após a abertura das negociações, enquanto o dólar beirou os R$ 5,50, depois de o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) ter confirmado sua candidatura à presidência em 2026. Mais tarde, quando o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), anunciou a votação da dosimetria aos condenados por tentativa de golpe de Estado, os investidores se animaram, e o Ibovespa encerrou em leve baixa, de 0,13%, aos 157.981 pontos, enquanto o dólar subiu 0,26%, aos R$ 5,43.
A leitura, segundo analistas, é que a redução das penas poderia contribuir para Flávio desistir de concorrer, já que seu pai, Jair Bolsonaro, hoje preso, seria beneficiado.
" Sendo Flávio (Bolsonaro), a chance de reeleição do atual governo é muito maior, já que a rejeição a ele é alta. Em um novo mandato (do governo atual), a chance de ajuste fiscal é pequena, e isso assusta o investidor local e externo " afirmou Ricardo Benaderet, gerente de portfólio do Andbank.
Hoje, operadores ficarão atentos às decisões de juros nos Estados Unidos, às 16h, e no Brasil, após o encerramento do mercado. Nos EUA, é esperada uma redução de 0,25 ponto percentual, enquanto aqui haverá uma análise do comunicado, em busca de um sinal sobre quando começará o ciclo de cortes. A redução dos juros americanos é favorável a economias emergentes, como o Brasil, porque leva investidores globais a procurarem mercados que ofereçam ganhos maiores.
resiliência da economia
E, em 2026, o Brasil deve ser o país que apresentará o maior corte sua taxa de juros, estima Leonardo Porto, economista-chefe do Citi Brasil. Segundo ele, esse movimento se explica, em parte, porque o país elevou a taxa básica quando boa parte das economias globais reduzia os juros.
" Pouquíssimos países vão apresentar corte de taxa de juros, e o Brasil certamente é o que vai mais cortar taxa de juros no mundo. Uma das razões é que o Brasil subiu a taxa de juros, desde o fim do ano passado, enquanto o resto do mundo estava em um ciclo de corte " disse Porto no evento "Macro em Perspectiva", realizado ontem em São Paulo.
Ele afirmou ainda que 2025 surpreendeu pela resiliência da economia global. O Citi projeta crescimento do PIB mundial de 2,8% este ano e de 2,7% em 2026, puxado, principalmente, por EUA e China.
Porto observou ainda que, globalmente, o setor de serviços, que é intensivo em mão de obra, tem crescido de forma consistente acima da indústria. Assim, quando os serviços puxam o crescimento, a demanda por trabalhadores aumenta, o mercado de trabalho se aquece e a renda avança, o que ajuda a explicar a resiliência da economia brasileira, que cresce mesmo com os juros elevados.