Deputados eleitos querem redecorar os gabinetes para dar toques pessoais
Agência O Globo -
BRASÍLIA — No clima de casa nova, vida nova, deputados federais eleitos neste ano já planejam qual vai ser a decoração de seus gabinetes na Câmara, distribuídos no final do ano passado
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BRASÍLIA — No clima de casa nova, vida nova, deputados federais eleitos neste ano já planejam qual vai ser a decoração de seus gabinetes na Câmara, distribuídos no final do ano passado.
Joice Hasselmann (PSL-SP), que vai ocupar um gabinete que já pertenceu ao ex-presidente Lula, planeja um culto ecumênico para "afastar qualquer energia que tenha ficado daquela escória da humanidade" no gabinete, diz. Ela prevê "muita austeridade" na decoração, com bandeiras do Brasil e de São Paulo penduradas na parede.
— Vou levar pastor e rabino para afastar qualquer praga que aquele petista tenha deixado. Depois, vou deixar uma cruz exposta. Não sou supersticiosa, mas com essa corja não se brinca. E não custa levar umas cabeças de alho para afastar o mau-olhado — disse ao GLOBO.
Já o deputado eleito Boca Aberta (PROS-PR) é ainda mais radical no corte de gastos e quer deixar seu gabinete fechado, sem uso. Sua ideia é trabalhar e atender a população em uma tenda que ele pretende armar do lado de fora do Anexo 3 da Câmara dos Deputados. Para lá, vai levar um gerador de energia e sua bicicleta com alto-falante, apelidada de Grace Kelly.
— Gabinete é muito luxo para pouco trabalho. Se Deus quiser, não vamos usar. Vamos botar os assessores para atender ao povo na rua, ali no canteiro. É de cair o cabelo do careca o deputado ter esses luxos, receber auxílio-mudança... Eu vou doar tudo que recebi para caridade — afirmou.
Fotos na parede
No gabinete que hoje é de Jair Bolsonaro ficará a deputada Carla Zambelli (PSL-SP). Ela quer manter a decoração como está, com temática bélica e militar, inclusive a série de quadros de presidentes do Brasil durante a ditadura militar. A ideia é mandar fazer um quadro do presidente atual para acompanhar os que já estão lá, como Médici e Geisel.
Na porta de vidro em frente ao gabinete, que hoje tem imagens de Jair Bolsonaro, Carla planeja um painel com imagens das manifestações a favor do impeachment de Dilma Rousseff e algumas fotos da série de bonecos adotados pela direita nas manifestações. Ela também vai levar seus "pixulecos" infláveis para decorar a sala.
— Vai ter o Pixuleco, a Bandilma, o Toffoleco (Dias Toffoli), o Mortadelão (uma mortadela gigante), o Marcoauleco (Marco Aurélio Mello), o Gilax (Gilmar Mendes). O único que a gente não deve colocar é o Teori (Zavascki), porque já faleceu — afirmou.
Entre os deputados que já foram policiais ou militares, a ideia é levar alguns itens da corporação. A deputada eleita Major Fabiana (PSL-RJ) quer levar flâmulas das 19 unidades em que trabalhou como policial, para "não esquecer suas origens", e o General Peternelli (PSL-SP) planeja decorar o espaço um porta-retratos da família, algumas bandeiras e um painel para dar "informações úteis" à população.
O deputado Kim Kataguiri (DEM-SP), o mais jovem eleito à Câmara junto a Luisa Canziani (PTB-PR), pensa em encomendar um grafite na parede.
— Talvez leve algumas coisas japonesas — disse.
A mudança só ocorre em fevereiro, após a posse.