Ex-presidentes do ibge divulgam apelo por censo 2020
Os ex-presidentes do IBGE Roberto Olinto, Paulo Rabello de Castro, Wasmália Bivar, Eduardo Nunes e ...
Os ex-presidentes do IBGE Roberto Olinto, Paulo Rabello de Castro, Wasmália Bivar, Eduardo Nunes e Eurico Borba assinaram ontem, em conjunto, uma carta pública em defesa do Censo 2020. Eles pedem a manutenção das perguntas que foram retiradas do questionário da pesquisa, que vai a campo no ano que vem. E criticam a atual gestão do instituto por "desrespeitar os rigorosos procedimentos técnicos e operacionais", que, segundo eles, sempre pautaram os trabalhos do IBGE. A iniciativa faz parte das atividades da campanha Todos Pelo Censo, organizada por servidores da instituição.
" Nós não temos uma proposta de questionário de Censo, é uma questão de princípios. O questionário tem de ser elaborado a partir de uma discussão permanente entre os técnicos do IBGE e seus usuários especializados, que formulam políticas públicas usando essas informações. Uma pessoa propor esse questionário sem ouvir a sociedade brasileira nos parece uma enorme improvisação. Isso jamais aconteceu na história do IBGE " disse Wasmália, que ainda faz parte do corpo técnico do instituto.
Nunes também ressaltou que o corpo técnico do IBGE chegou a apresentar um questionário mais enxuto, mas a proposta foi descartada pela presidência do instituto. Olinto, por sua vez, criticou uma das justificativas apresentadas pela direção para alguns dos cortes " a inclusão dessas questões em outra pesquisa do instituto, a Pnad Contínua. Segundo o ex-presidente, essas inclusões são tecnicamente inviáveis.
Apelo a prefeitos
Na carta, os cinco convidam prefeitos, vereadores e deputados a se engajarem na luta por um Censo completo e de qualidade, já que, segundo eles, os cortes no questionário terão impacto negativo no planejamento de políticas públicas locais. As cidades menores seriam as mais impactadas, já que o Censo é a única pesquisa que vai a cada um dos mais de 5.570 municípios brasileiros. Apenas Borba, que mora em Florianópolis e foi presidente do instituto entre 1992 e 1993, não estava presente. Os outros quatro presentes no ato se sucederam em diferentes mandatos, de fevereiro de 2003 a fevereiro de 2019.
Os ex-presidentes afirmaram que o próximo Censo pode ser feito de forma econômica e eficiente, mas que não pode haver improvisação técnica. "Não há " nem pode haver " qualquer tipo de improvisação como, infelizmente, se tem presenciado na orientação para a execução do Censo", afirmam na carta.
Em nota, o IBGE diz respeitar a manifestação dos ex-presidentes, mas ressalta que o questionário "foi objeto de amplo debate interno e no âmbito da Comissão Consultiva do Censo Demográfico".