Desemprego sobe para 14,4% no fim de setembro
A taxa de desemprego voltou a passar de 14% na quarta semana de setembro, segundo a Pesquisa ...
A taxa de desemprego voltou a passar de 14% na quarta semana de setembro, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Covid (Pnad Covid), divulgada ontem pelo IBGE. No intervalo de uma semana, a taxa passou de 13,7% para 14,4% e mais 700 mil trabalhadores entraram para o contingente de desempregados, que chegou a 14 milhões de pessoas. A variação, contudo, não é considerada como significativa pelo IBGE.
O percentual de desempregados é o mais alto desde a primeira semana de maio, quando havia ficado em 10,5%. Foi o início da realização do levantamento que mede o efeito da pandemia do novo coronavírus no mercado de trabalho.
Desde então, a desocupação só subiu. Com o relaxamento da quarentena, algumas atividades econômicas voltaram a funcionar, e a dimensão da crise no mercado de trabalho foi se intensificando a cada semana. O número de desempregados aumentou em 4,2 milhões de pessoas no período.
Taxa pode chegar a 20%
Maria Lucia Vieira, coordenadora da pesquisa do IBGE, explica que o movimento do desemprego pode ser explicado pelo maior número de pessoas em busca de vagas.
" Embora as informações sobre a desocupação tenham ficado estáveis na comparação semanal, elas sugerem que mais pessoas estejam pressionando o mercado em busca de trabalho, em meio à flexibilização das medidas de distanciamento social e à retomada das atividades econômicas " diz ela.
A população ocupada foi de 83 milhões entre os dias 20 e 26 de setembro, ante 83,7 milhões na semana anterior, o que também é considerado como estabilidade. O percentual de ocupados ficou em 48,7% dos trabalhadores, ante 49,1% na terceira semana de setembro.
Já o número de brasileiros que não estavam trabalhando nem procurando emprego no período chegou a 73,4 milhões, em linha com os 73,6 milhões da semana anterior.
Desses, cerca de 15,3 milhões gostariam de trabalhar mas não procuraram uma vaga em razão da pandemia ou por não verem oportunidades onde moram. São potenciais desempregados que ainda não puderam oferecer sua mão de obra ao mercado.
Se todos eles voltarem a procurar uma vaga, a taxa de desemprego no Brasil pode chegar a 26% ou mais de um quarto da população apta a trabalhar. O auxílio emergencial está segurando esses milhões de trabalhadores em casa, mas o benefício foi cortado pela metade e o governo afirma que ele vai acabar no fim deste ano.
Saída pela informalidade
Nem todos, porém, devem se tornar desempregados. Boa parte vai para a informalidade e a outra vai deixar o mercado definitivamente, por causa da concorrência, que será imensa. Se metade dos 15,3 milhões for em busca de vaga, o desemprego subirá para 20%.
A pesquisa também mostra que a população ocupada e afastada do trabalho por causa do distanciamento social ficou em 3,3%, sem variação na comparação com a semana anterior.