Jueves, 03 de Julio de 2025

Os 30 clubes do estadual que já sumiram do mapa

BrasilO Globo, Brasil 17 de enero de 2020

extintos

extintos
O Campeonato Carioca de 2020 começa amanhã e nem todos os estádios serão capazes de receber jogos noturnos por falta de iluminação. Pois há 106 anos, o Vila Isabel Futebol Clube, que participou oito vezes da primeira divisão do Estadual, realizou o primeiro jogo de futebol noturno do Brasil. Contam as páginas dos jornais da época que a noite de 5 de setembro de 1914 foi gloriosa no campo do extinto Jardim Zoológico do bairro " com a presença do prefeito da cidade e até de um ex-presidente da República, Nilo Peçanha, que então era senador.
O jogo noturno do Vila Isabel em 1914 foi de dar inveja, por exemplo, ao Madureira de 2020 " que terá que mandar seu jogo contra o Botafogo, pela 2ª rodada, às 16h de terça, pela falta de iluminação em Conselheiro Galvão. Na época, às 21h, viu-se, graças a míseras 12 lâmpadas e três mil velas ao redor do campo, o time da casa golear uma seleção de Campos dos Goytacazes por 4 a 0, numa grande história de um futebol que já acabou.
Acabou porque o Vila Isabel é um dos 30 clubes que já jogaram na elite do Campeonato Carioca e não existem mais. Foram completamente extintos. Agremiações, escudos e torcidas que nasceram, jogaram na elite estadual em algum momento e desapareceram completamente do mapa " menos do que ilustra esta reportagem.
Os clubes listados são só a ponta de um iceberg que derreteu ao longo de vários verões cariocas: no total, a reportagem encontrou nada menos do que 186 agremiações que já jogaram alguma divisão ou campeonato de futebol no estado do Rio e acabaram. Além disso, clubes que extinguiram o futebol, mas ainda seguem ativos, como o Paissandu, campeão em 1912, com sede no Leblon, ou o Rio Cricket, em Niterói, não foram contabilizados.
motivos do fim
Entre os 30 desaparecidos que chegaram à elite, os motivos de extinção são variados. Há muitos casos de fusão com outros times, como do Fidalgo F.C., que se uniu a seu rival, o Magno F.C., para formar o Madureira A.C., que no futuro seria o mesmo Madureira E.C. que estreará amanhã no campeonato contra a Portuguesa. Há também os que foram engolidos pelo progresso da cidade, como o Esperança F.C., uma dissidência do Bangu que nem de longe foi o último a morrer: fundado em 1905, desapareceu na década de 40 porque as obras para a construção da Avenida Brasil passaram por cima de sua sede.
A maioria desapareceu por dificuldades financeiras e estruturais, agravadas depois que os grandes clubes adotaram o profissionalismo nos anos 30. O Vila Isabel seguiu esta turma: amador, foi perdendo importância aos poucos, e teve como último momento de glória participar da criação da Unidos de Vila Isabel, escola de samba que, aos poucos, virou a agremiação favorita do bairro.
O Confiança Atlético Clube, que disputou a primeira divisão do Carioca em 1924 e 1933, curiosamente também tem seu fim ligado a uma escola de samba. O clube de operários da Fábrica de Tecidos Confiança viu a crise começar quando a mesma foi comprada pelo Grupo Abdalla e os novos donos não tinham interesse na manutenção do clube.
Uma disputa judicial entre o Confiança e os empresários se arrastou por quase 40 anos. No meio do litígio, em 1976, quando a Justiça já ordenara a reintegração de posse do clube pela fábrica, o Confiança conseguiu o apoio de um dirigente dos Acadêmicos do Salgueiro, escola de samba da comunidade próxima. Juntos, conseguiram uma liminar para manter o time no local, e em troca, o campo seria utilizado para os ensaios da escola.
Aos poucos, a sede do Confiança foi virando sede do Salgueiro. No fim, as agremiações até brigaram pelo espaço, e a questão só foi resolvida em 1993 . Na prática, o Confiança, em crise, acabou extinto ao ceder sua filiação como clube a um projeto de clube-empresa da Barra. E sua antiga sede hoje abriga a Vila Olímpica do Salgueiro e parte da famosa quadra da escola de samba. A arquibancada de madeira construída em 1915, uma das primeiras do país, segue no local, protegida por decreto.
para esquecer
O fim das antigas grandes fábricas que incentivavam os clubes foi a causa " direta ou indireta " da extinção de muitos dos 30 times. Outro conhecido clube que não existe mais é o Sport Club Mangueira, que não ficava na comunidade da escola de samba homônima. O Mangueira tinha sede na Tijuca, e levava esse nome por ser o clube dos operários da Fábrica de Chapéus Mangueira. Como os trabalhadores moravam no morro próximo ao Maracanã, o local também passou a ser conhecido como Mangueira, nome que batizaria a escola verde e rosa, fundada em 1928, um ano após o fim do clube de futebol.
Se a escola ficou conhecida pelas glórias na Sapucaí, o Mangueira ficou famoso pelos vexames em campo: sofreu a maior goleada da história do futebol brasileiro, 24 a 0 para o Botafogo, no Carioca de 1909. Três anos depois, o "rubro-negro da Tijuca" tomou um 16 a 2 para o Flamengo que é até hoje a maior goleada já aplicada pelo time da Gávea. Se o clube foi extinto, os recordes fazem seu nome ser lembrado na história. Ainda que em dias para serem esquecidos.
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