Itaúsa e xp encerram seu ‘casamento’ de forma oficial

Após diminuir sua participação na XP nos últimos anos, a Itaúsa informou ontem que rescindiu o acordo de acionistas que mantinha com a instituição financeira, encerrando o ensaio de um casamento iniciado há seis anos. Com a decisão, de comum acordo, os membros indicados pela holding controladora do Itaú Unibanco no Conselho de Administração e no comitê de auditoria da XP renunciarão aos seus cargos "oportunamente". O acordo, originalmente, valia até outubro de 2026.
Em 2017, o Itaú Unibanco anunciou a compra de 49,9% da XP. Na época, o banco sinalizou a intenção de, no futuro, adquirir o controle total da corretora.
O Banco Central (BC), porém, não permitiu que o Itaú assumisse o controle da corretora. Desde então, o banco, por meio de sua holding, vem reduzindo sua participação na XP.
" (A rescisão) era esperada e é mais um passo da Itaúsa no sentido de se desvincular da XP " explica o analista da Senso Investimentos, João Frota. " O próprio Itaú criou uma plataforma competitiva com a XP. Eles são concorrentes, e não faz sentido ter participação no concorrente se não for possível fazer a aquisição.
estratégia de diversificação
A Itaúsa vem se desfazendo de papéis da XP desde 2021, reduzindo sua participação a 4,28% do capital social total e a 1,51% do capital votante.
A controladora do Itaú informou que, com a rescisão, deixará de registrar contabilmente o investimento na XP pelo método de equivalência patrimonial, passando a tratá-lo como ativo financeiro mensurado a valor justo. Isso, explicou, terá um impacto positivo no resultado do terceiro trimestre de 2023 de, aproximadamente, R$ 860 milhões (valor líquido). Os valores levam em conta a cotação dos papéis da XP e a taxa de câmbio no fechamento de sexta-feira.
Frota ressalta que essa é uma prática contábil habitual:
" Quando não há mais o acordo de acionistas e quando a participação diminui muito, você pode ter outra contabilidade que represente um investimento. Agora é através do valor de mercado dessa empresa e não mais do lucro que a XP possa apresentar.
O analista lembra que, nos últimos anos, a Itaúsa vem comprando participações em companhias dos setores de energia, rodovias e saneamentos, como CCR e Aegea, por exemplo:
" Ela está diversificando o portfólio. E vai injetar capital proveniente da saída da XP na diversificação já realizada.
Em comunicado, a XP explica que o acordo de acionistas inclui General Atlantic, São Carlos Investimentos, São Marcos Investimentos, ITB Holding e Itaú Unibanco Holding.
"A rescisão foi acordada entre os acionistas e fortalece as práticas de governança corporativa da XP e a composição de seu Conselho de Administração", destaca a empresa. A XP informou ainda que o conselho será reduzido de 11 para nove membros.
A Itaúsa manterá o plano de desinvestimento na XP. Os eventuais recursos obtidos serão destinados a reforço de caixa e à ampliação do nível de liquidez da holding.
As ações preferenciais da Itaúsa (ITS4, sem direito a voto) caíram 0,21%, a R$ 19,10, na B3. Os papéis da XP, negociados em Nova York, cederam 3,81%, a US$ 22,75.