Mercado livre pode estimular venda de importados
Diante da competição com asiáticas como Shopee e Shein e daquilo que chama de ausência de isonomia ...
Diante da competição com asiáticas como Shopee e Shein e daquilo que chama de ausência de isonomia tributária, o Mercado Livre avalia estimular no Brasil as vendas cross-border " isto é, enviadas por vendedores estrangeiros. Hoje, esse volume é desprezível na operação da empresa no país, mas representa 15% do volume de vendas no México, observou Fernando Yunes, que comanda o Mercado Livre no Brasil.
" Defendemos a isonomia entre internacionais e nacionais. A isenção do imposto de 60% para zero (para compras até US$ 50), nas nossas contas, gera um benefício para as internacionais. Acreditamos que o Imposto de Importação deve mudar e buscar uma isonomia, embora não volte para 60%. Se não, os estrangeiros terão vantagem diante dos locais " disse Yunes a jornalistas ontem em São Paulo, durante evento com 15 mil vendedores do Mercado Livre.
Desde o início do mês, o programa Remessa Conforme permite que produtos de até US$ 50 importados via marketplaces como Shein, Shopee e AliExpress fiquem isentos do Imposto de Importação, cuja alíquota é de 60%. Incide sobre eles apenas o ICMS, de 17%.
O governo federal, porém, já sinalizou que estuda voltar a cobrar imposto nessa transação, embora não tenha mencionado alíquotas. O movimento é uma aparente reação às críticas de varejistas locais.
" Gostamos de trabalhar com os vendedores locais, eles são o nosso foco. Por isso nunca incentivamos isso (a venda cross-border) no Brasil. Hoje o volume é desprezível " observou Yunes.
Mil empregos diretos
Enquanto compete com rivais internacionais, o Mercado Livre está expandindo sua infraestrutura logística no Brasil. A companhia anunciou ontem a abertura de dois novos centros de distribuição (CDs), elevando para dez o total. Um deles acaba de ser aberto no Rio, no bairro de Cordovil, Zona Norte; o outro será aberto no ano que vem no Recife. Além disso, a empresa diz ter acrescentado uma aeronave à sua frota própria, chegando a nove aviões.
" Esses CDs vão permitir a entrega no mesmo dia para os consumidores do Grande Rio e do Grande Recife " explicou Yunes, acrescentando que a companhia negocia a abertura de um CD no Ceará. " Estamos esperando um decreto ser publicado autorizando o modelo com que operamos, pelo qual a empresa não precisa abrir um CNPJ no estado onde o CD está.
Hoje, 80% das entregas no país são feitas em até 48 horas, e 50%, até o dia seguinte.
A empresa diz que os novos CDs criarão mil empregos diretos, mas não precisa o valor do investimento. No total, o Mercado Livre prevê investir R$ 19 bilhões este ano no Brasil.
longe dos problemas
Também presente no evento, o CEO e cofundador do Mercado Livre, Marcos Galperin, tentou se esquivar da pergunta óbvia para um dos principais empresários argentinos: qual será o impacto de uma eventual eleição do candidato de extrema-direita, Javier Milei, que quer dolarizar a economia do país.
" Um dos motivos pelos quais eu adoro estar no Brasil é o fato de estar bem longe da política argentina! Esqueci tudo sobre o que está acontecendo lá (risos) " desconversou Galperin.
A Argentina, país-sede do Mercado Livre, representa cerca de 24% das vendas da companhia.
Fidelidade e IA
A companhia também anunciou um novo programa de fidelidade. O Meli+ embute assinaturas dos serviços de streaming Disney+, Star+ e Deezer, compras com frete grátis para valores a partir de R$ 29 e possibilidade de entregas agendadas. O Meli+ vai custar R$ 17,99 por mês " um subsídio agressivo para atrair clientes interessados em serviços que, individualmente, custam mais.
Galperin disse ainda que a empresa avalia a adoção de modelos de inteligência artificial generativa (que produz conteúdo, como o ChatGPT):
" A IA generativa vai ajudar os vendedores, por exemplo, a responderem perguntas e prepararem os produtos que exibem na plataforma.
*O repórter viajou a convite do Mercado Livre