Lula na onu: críticas à governança e defesa do sul global
Com um discurso focado no resgate da agenda dos países em desenvolvimento, o presidente ...
Com um discurso focado no resgate da agenda dos países em desenvolvimento, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltará a abrir a Assembleia Geral da ONU, amanhã, 14 anos depois de discursar na sede das Nações Unidas, em Nova York, pela última vez. Lula aproveitará o mote de que o Brasil está de volta ao cenário internacional para criticar o atual sistema de governança, que permite, na sua visão, que o lado desenvolvido do planeta afaste das grandes decisões o chamado Sul Global.
Para o governo brasileiro, não haverá palco melhor para Lula do que a Assembleia Geral para voltar a insistir na presença de outros países, como o Brasil, como membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU " desejo que existe desde a fundação do organismo, em meados da década de 1940. Um dos argumentos a serem usados por Lula é que, mais de um ano e meio após a invasão da Ucrânia pela Rússia, o órgão fracassou na busca de soluções para a paz.
Além disso, essa nova governança global defendida no discurso do presidente brasileiro seria ligada à ONU e teria o poder de forçar países a cumprir, por exemplo, metas de combate ao aquecimento global. Hoje, nenhum Estado ou organismo internacional pode forçar um país a cumprir medidas. Uma tentativa ou interferência pode ser vista como violação à soberania nacional.
Lula trabalhará em seu discurso com outros pilares já anunciados por ele, ao assumir a presidência do G20, no último fim de semana, na Índia: uma ação global de combate à fome, a redução das desigualdades e o desenvolvimento econômico sustentável. Assim como fez na Índia, quando citou o ciclone no Rio Grande do Sul como exemplo de fenômenos climáticos não esperados, Lula deve dizer que o Brasil tem legitimidade para pedir atenção e cooperação nesse tema e ainda cobrar dinheiro e comprometimento das nações desenvolvidas.
O ex-representante da Organização dos Estados Americanos (OEA) no Haiti e na Nicarágua, Ricardo Seitenfus explica que o Brasil é o primeiro a discursar como compensação por ter ficado de fora na escolha dos membros permanentes no Conselho de Segurança.
" É uma obsessão inútil tentar participar do Conselho de Segurança " afirma Seitenfus.