Com menor custo, etfs atraem cada vez mais investidores
Os fundos de índice negociados em Bolsa, os chamados Exchange-Traded Funds (ETFs) já formam uma ...
Os fundos de índice negociados em Bolsa, os chamados Exchange-Traded Funds (ETFs) já formam uma indústria de US$ 10 trilhões no mundo. E ainda há potencial para crescer, segundo especialistas. No Brasil, entre 2019 e 2023, o número de investidores nessas carteiras saltou de 111 mil para 503 mil.
A maior parte deste crescimento se explica pelos custos mais baixos para desenvolver, manter e distribuir ETFs aos investidores.
Para o pequeno investidor, esses fundos ajudam a diversificar a carteira sem gastar muito. É possível investir com menos de R$ 100, por meio de cotas negociadas na Bolsa. Para os institucionais, que são os gestores de fundos, eles também são uma ferramenta de redução de custos.
" Ninguém consegue fazer gestão global sem ETF. O produto existe para dar exposição de forma padronizada, barata e fácil a uma coisa que não é simples de fazer: uma carteira diversificada e calculada " afirma Bruno Stein, diretor geral da Global X ETFs no Brasil. " Um exemplo é um dos primeiros ETFs, que segue o índice S&P 500, com ações das 500 maiores empresas americanas. Como alguém ia conseguir comprar todas? É mais fácil só investir no ETF.
Segundo dados da empresa de consultoria e pesquisa ETFGI, há mais de 10 mil ETFs em Bolsas de diversos países, desde aqueles que seguem o S&P 500 ou o Ibovespa até os de nicho, que investem em blockchain ou inteligência artificial. Há sempre uma novidade no radar.
Por que é mais barato?
No Brasil, o mercado de ETFs, apesar do grande crescimento nos últimos anos, ainda é considerado incipiente, com um patrimônio de R$ 41 bilhões " menos de 10% do saldo da caderneta de poupança, de R$ 960 bilhões, segundo dados de outubro.
Por ainda estar pouco disseminado e ser de fácil acesso, a tendência é que continue crescendo com força no país, devido aos cortes na taxa básica de juros (Selic), que reduzem a atratividade da renda fixa.
As taxas de administração menores que as de fundos tradicionais estão entre os principais motivos para a disseminação dos ETFs, que costumam ter gestão passiva. Diferentemente da gestão ativa, na qual o gestor busca superar os índices de referência, a gestão passiva dos ETFs replica uma determinada carteira teórica, como o Ibovespa. Isso reduz os custos.
Enquanto nos fundos de gestão ativa as taxas de administração variam entre 1% e 3% ao ano, nos ETFs elas ficam entre 0,02% e 1,3%, o que contribui para um retorno favorável.
Ainda assim, mesmo os ETFs podem buscar estratégias de gestão ativa. No jargão do mercado, excelentes gestores são conhecidos como "gurus" " mas eles são raros.
Nos Estados Unidos, berço dos ETFs e país onde eles estão mais desenvolvidos, já há o conceito de "ETFs ativos", que são fundos que replicam estratégia de gestores de renome e negociam as cotas em Bolsa. As regras do mercado brasileiro ainda não permitem que isso se repita por aqui. No entanto, o GURU11, ETF do Inter, faz algo similar, reunindo composições de fundos de sucesso, dos "gurus do mercado".
Normalmente, no entanto, a gestão dos ETFs é automatizada, com um algoritmo que passa a trabalhar sozinho depois de ser desenvolvido.
" Temos um time de finanças e tecnologia. Unem-se os dois mundos, que é o que gostamos de chamar de ciência financeira. Nós pegamos esse conhecimento e automatizamos as regras. No fim, é como se transformássemos a cabeça de um gestor num algoritmo " explica João Fernandes, executivo de pesquisa quantitativa da Teva Índices, que desenvolve índices para o mercado de ETFs nacional.
Luiz Fernando Araújo, gestor e presidente da Fincap Investimentos, é otimista sobre os ETFs:
" Não têm comissão, não têm custo de distribuição e vão continuar crescendo. Quando você é um gestor e não tem tempo para fazer a seleção de ativos, você aloca em um ETF.
Há ainda uma vantagem fiscal. Enquanto os fundos tradicionais seguem uma tabela regressiva de taxação que vai de 22,5% a 15% sobre os ganhos, os fundos de índice têm imposto fixado em 15%, sem importar o prazo da aplicação.