Ilan: rs precisará de muitos recursos para a infraestrutura
Para o presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Ilan Goldfajn, a reconstrução ...
Para o presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Ilan Goldfajn, a reconstrução do Rio Grande do Sul exigirá, além de recursos, inteligência para que seja realizada de maneira compatível à nova realidade climática, em que eventos extremos serão recorrentes e toda a infraestrutura precisará ser mais resiliente.
" Esse tipo de desastre vai ocorrer com muito mais frequência. Então você vai ter que estar resiliente, pensando nessa nova realidade que vai ocorrer " afirmou Ilan ao participar do painel sobre oportunidades de investimentos no Brasil no Summit Valor Econômico Brazil-USA, em Nova York.
O ex-presidente do Banco Central brasileiro fez ainda uma ressalva:
" Vai precisar também pensar o futuro. Porque a nova infraestrutura que será reconstruída precisa estar compatível com o novo momento em que a gente vive.
Ilan acrescentou que a questão climática é uma das prioridades do BID, fomentando investimentos para mitigar a mudança climática, como a transição energética verde e ajudando países a se prepararem para "o que já está vindo".
Mais eventos climáticos
Os programas do BID, ressaltou, são alinhados ao compromisso firmado no Acordo de Paris, de fazer a transição energética para uma matriz limpa e reduzir emissões de carbono para evitar aquecimento global superior a 1,5 grau.
Ilan disse ter se surpreendido com a quantidade de desastres naturais e eventos climáticos já registrados na América Latina desde que assumiu a presidência do organismo, em 2022:
" Vivemos a maior seca dos últimos anos na Argentina e no Uruguai, faltou água no Uruguai. Tivemos o maior incêndio no Chile, furacão em Acapulco, e agora essa inundação Rio Grande do Sul. Veio para ficar.
Ilan disse ainda que é papel dos bancos de desenvolvimento apoiar os países a se prepararem para a nova realidade, tanto em contingência quanto em infraestrutura.
No auge da tragédia no Rio Grande do Sul, Ilan esteve no Brasil e anunciou um pacote de ajuda de R$ 5,5 bilhões, em recursos imediatos e até financiamento para pequenas empresas. A estimativa inicial do governador Eduardo Leite é que sejam necessários quase R$ 19 bilhões, a médio e longo prazo, para reerguer o estado após as enchentes.
" Parte disso é imediato, vão desde recursos para ajuda humanitária, financiamentos para pequenas e médias empresas, e parte importante é para a reconstrução do estado, para o desenvolvimento da infraestrutura " disse o presidente do BID.
Um dos grandes desafios da agenda climática é o financiamento. Levantar recursos, disse Ilan, requer trabalhar o que já existe dentro dos bancos de desenvolvimento, melhorando seus balanços, a alavancagem, além de atrair investimento privado:
" Mais recursos são necessários e são escassos. Se você juntar todo o dinheiro público, inclusive dos bancos, não dá para financiar nem a transição energética.
O BID conseguiu aprovar uma capitalização de US$ 3,5 bilhões com os seus 48 membros para o BID Invest, seu braço de financiamento privado. Neste modelo, a instituição financia o setor privado, mas não fica com grande parte dos projetos, detendo cerca de 10%, com outros investidores entrando conjuntamente.
" A parte fundamental é o tamanho dos recursos. Uma vez que tenha o recurso, é importante saber o que está fazendo, o dólar bem investido é diferente do mal investido " afirmou Ilan.
Dentro do BID, nas diversas iniciativas de impacto, cada dólar vira US$ 7, afirmou. (*Do Valor)