‘Mistura de ia com o whatsapp é um fenômeno imparável’
Entrevista
Entrevista
À frente de uma das pioneiras dos chatbots no Brasil, a Blip (ex-Take Blip) aposta que a inteligência artificial generativa vai reforçar a migração de empresas para o WhatsApp. O app representa mais de 90% dos negócios da companhia, que ajuda grandes marcas como Itaú e Coca-Cola a interagirem com consumidores via chat. São mais de 9 milhões de interações por dia. A companhia " na qual o fundo Warburg Pincus investiu US$ 170 milhões " diz ter crescido 40% em 2023, terminando o ano com receita anualizada de R$ 780 milhões.
Por que apostar no WhatsApp como centro da relação entre cliente e marcas?
Começamos a apostar que o WhatsApp viraria uma plataforma aberta em 2014. Demorou quatro anos, mas, quando houve a abertura, estávamos bem posicionados para a avalanche de empresas que queriam estar lá. Isso ancorou nosso crescimento, já que, como as pessoas já estavam lá, o WhatsApp virou o canal preferencial do consumidor. E agora entramos em um novo capítulo.
Qual?
O da chegada do ChatGPT. A mistura da inteligência artificial generativa com o WhatsApp é um fenômeno imparável, porque vai transformar a relação entre consumidores e empresas. Ele acelera tremendamente a adoção de funcionalidades e o volume de interações.
Mas seus clientes já usam IA generativa?
O percentual ainda é pequeno, mas vem crescendo. No começo de 2023, tínhamos 49 clientes usando, e agora temos cerca de cem. O banco Pan, por exemplo, está fazendo um piloto que usa as recomendações da IA para oferecer respostas mais rápidas aos clientes via WhatsApp. A conversão de vendas mais que dobrou. Estamos começando pelos grandes clientes, mas, no futuro, 100% estarão usando. Imaginamos, inclusive, um cenário em que as marcas estarão dentro do próprio ChatGPT .
Em que sentido?
O cliente entrará na aplicação e vai procurar a empresa para conversar com ela. A possibilidade já existe, mas a demanda ainda não aconteceu. Nossa aposta é mesmo no WhatsApp, que tem o potencial para se tornar uma espécie de sistema operacional da internet "AI first", inclusive para as marcas.
Como assim?
No princípio da internet comercial, o sistema era o navegador, e as marcas estavam nos seus sites. Com iOS e Android, as empresas se posicionaram nos apps. Agora, o modelo que deve se impor é conversacional, e os apps de mensagem e ferramentas de buscas que querem virar chats brigam para se tornar o novo lugar.
O WhatsApp tem mais chances de vencer, mesmo sendo pouco usado nos EUA e proibido na China, os dois maiores mercados globais?
Nos EUA, isso já está mudando. Os americanos estão entendendo as vantagens dele sobre o SMS. Isso mostra que há grandes chances de se estabelecer o modelo em que, quando o consumidor pensa em uma marca, primeiro ele vai procurá-la no WhatsApp.
Roberto Oliveira
fundador e ceo da blip