Aquisição do riosul: iguatemi quer atrair grifes inéditas ao rio
A disputa pelo carioca RioSul marca uma nova fase no setor de shopping centers no país, ...
A disputa pelo carioca RioSul marca uma nova fase no setor de shopping centers no país, com apostas concentradas em centros comerciais mais relevantes, aqueles que têm vendas consistentes e movimento recorrente. Após ser disputado pelo grupo Allos, dono do Shopping Leblon e do NorteShopping, o empreendimento foi adquirido pela gestora do Banco do Brasil, a BB Asset, por meio de seu fundo imobiliário BB Premium Malls, e pelo grupo Iguatemi, que volta ao Rio de Janeiro após um jejum de 12 anos desde a venda de uma unidade no bairro de Vila Isabel, na Zona Norte.
Para especialistas, o negócio envolvendo o RioSul marca a estratégia dos grupos de buscar empreendimentos classificados como "dominantes" no setor , de olho ainda em um público consumidor de alta renda. De acordo com fontes de mercado, a estratégia do Iguatemi, que vai administrar o RioSul, é trazer para o shopping grifes nacionais e internacionais que ainda não estão presentes na cidade. Dos 3 mil lojistas que operam nos 16 shoppings do Iguatemi no Brasil, 30% são marcas oriundas do exterior.
O RioSul é o shopping mais antigo do Rio, fundado há mais de 40 anos, com 400 lojas em 52 mil metros quadrados e um fluxo de 1,5 milhão de consumidores por mês. Para consultorias especializadas, as mudanças esperadas com a nova gestão devem fazer frente a rivais como o Shopping Leblon, também na Zona Sul, e o Village Mall, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste.
" A compra do RioSul reflete o movimento dos grandes grupos no país, que estão vendendo shoppings menos importantes e focando suas operações em espaços dominantes. Esse é o cerne da disputa atual, e isso vai se intensificar cada vez mais. É um caminho para diversificar a receita e ganhar mais fôlego em negociações com grandes redes varejistas " diz Luiz Alberto Marinho, sócio da consultoria Gouvêa Malls.
Direito de preferência
O RioSul era controlado pela canadense Brookfield, que detinha 54% das ações, e pela Cia. Brasileira de Shopping Centers (Combrashop), com os 46% restantes. Durante as negociações, Allos e fundos imobiliários de BTG Pactual, Capitânia, XP e Vinci Partners ofereceram, por 54% do empreendimento, um valor entre R$ 1,1 bilhão e R$ 1,2 bilhão.
Porém, na reta final da negociação, a Combrashop exerceu seu poder de preferência e celebrou um acordo de investimento com a BB Asset e o Iguatemi. Para especialistas, a Combrashop não queria abrir mão do controle do empreendimento. Assim, ficou com 50,1% do RioSul, o Iguatemi, com 16,6%, e a BB Asset, com os 33,3% restantes.
O negócio ainda depende do aval do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), que regula a concorrência no país, processo que deve levar 45 dias. Após esse período, o Iguatemi vai preparar, em prazo que deve levar até três meses, um plano de investimentos, incluindo mudanças na estrutura física, na arquitetura e uma atualização do mix de lojas.
Em comunicado, o Iguatemi diz que a oportunidade de investimento está alinhada à estratégia de estar nas principais propriedades, nos mercados mais importantes do país, fortalecendo o seu portfólio de ativos. "Uma vez concluída essa operação, a Iguatemi adicionará ao seu portfólio a participação em um dos shoppings mais relevantes do país, na cidade do Rio de Janeiro, que representa o segundo maior PIB do Brasil".
Por ora, os novos sócios descartam mudar o nome do RioSul. Fontes lembram a aquisição do Pátio Higienópolis pelo Iguatemi, que teve o nome mantido. Antônio César Carvalho, sócio-diretor da Acomp Consultoria e Treinamento, especializada em shoppings, diz que a estratégia do Iguatemi será a mudança de perfil:
" O foco será reforçar o RioSul como um shopping premium e voltar a marcar presença no Rio " diz.
O próprio Iguatemi destaca que o entorno do shopping "é altamente qualificado, sendo 81% dos domicílios nas classes A/B e com renda média duas vezes maior que a da cidade". Lembrou ainda que um raio de cinco quilômetros contempla os bairros de Ipanema, Copacabana, Leme, Lagoa, Flamengo e Leblon. O Iguatemi vai pagar R$ 360 milhões para ser sócio do espaço. Ao todo, a transação chegou a cerca de R$ 1,1 bilhão, dizem fontes.
Segundo Marinho, o Iguatemi vai elevar o padrão de lojas no RioSul:
"Hoje, os shoppings que mais crescem são os voltados para as classes A e B. O Iguatemi deve mudar o foco do RioSul, oferecendo uma nova experiência aos consumidores.