O florista de copacabana

Um dos comércios mais tradicionais de Copacabana está de mudança. O sobrado onde há mais de 80 anos funciona a Flora Santa Clara, na esquina da Rua Barata Ribeiro, vai abaixo para dar lugar a um prédio, enquanto a loja se mudará para um espaço menor no bairro.
O português Afonso de Almeida, de 96 anos, fundador da Flora, emociona-se ao lembrar de sua trajetória. "Estou saudoso, mas hoje muitas flores são compradas por WhatsApp. Não precisamos de tanto espaço e minha família segue cuidando de tudo com muito zelo", diz ele, que quando se casou chegou a morar no segundo andar do sobrado.
A primeira vez que passou naquela esquina foi em 1938. Tinha 10 anos e havia chegado de Portugal. Ficou fascinado com a exuberância das flores da pequena loja que funcionava ali. Aos 11 anos, já trabalhava como entregador. Ali começou uma paixão interminável. A família terminou comprando o imóvel e expandiu o negócio.
"Era tudo muito diferente. As rosas eram produzidas em São Gonçalo, mas não duravam nada. Em dois dias já estavam despetaladas", diz ele: "Depois passamos a comprá-las em Petrópolis. Como era bonita a viagem de trem até lá."
As rosas vermelhas, segundo ele, sempre foram as mais pedidas. A diferença é que os arranjos na época eram maiores, "um espalhafato só". Hoje, as rosas vermelhas colombianas caíram no gosto dos brasileiros. Para Almeida, porém, as preferidas sempre foram as orquídeas.
"São lindas. Comecei plantando nas árvores em frente ao meu prédio, em Ipanema. Depois o bairro inteiro começou a plantar"
Fernanda Pontes