Azul e dona da gol firmam memorando de entendimento de fusão
A Azul e a Abra, holding dona de Gol e Avianca, acabam de divulgar um memorando de entendimentos ...
A Azul e a Abra, holding dona de Gol e Avianca, acabam de divulgar um memorando de entendimentos formalizando a intenção de unir seus negócios no Brasil. O memorando é não vinculante " ou seja, não traz obrigações e responsabilidades ", mas estabelece os termos gerais da parceria. Também ontem, a Gol divulgou a revisão de seu plano financeiro para os próximos cinco anos. No documento, a empresa prevê sair do processo de Chapter 11 nos Estados Unidos, similar à recuperação judicial, até 11 de maio.
As aéreas planejam manter seus certificados operacionais independentes, o que significa que as marcas e operações ficarão separadas, embora com sinergias nas malhas aéreas. Será possível combinar voos das duas empresas em um mesmo bilhete, por exemplo. Também estão previstas economias em contratos com fornecedores e na gestão. As companhias têm cerca de 90% de rotas complementares e não sobrepostas.
CAde vai analisar
Segundo o presidente da Azul, John Rodgerson, que, pelo memorando, será indicado como CEO da futura companhia, a definição do CNPJ que vai prevalecer vai depender de razões fiscais, entre outros fatores. A empresa que vai emergir desse processo será controlada pela Abra " holding que tem a família Constantino, fundadora da Gol, como sócia.
" Isso será decidido sem emoção, não tem um vencedor ou um perdedor. Será uma governança limpa que vai trabalhar junto por essa nova empresa " afirmou Rodgerson.
O memorando estabelece acordos de governança e a estrutura de capital, o que marca o início do processo de aprovações regulatórias. As duas empresas informaram a intenção ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Nos próximos meses, o Cade analisará se a provável junção entre as empresas fere algum princípio de concorrência. Combinadas, as duas empresas têm 60,3% de participação no mercado nacional de aviação. A Latam fica com 39,4%.
Perguntado se espera alguma medida do Cade em relação à devolução de autorizações para voar no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, um dos mais concorridos do país, Rodgerson devolveu a pergunta:
" Vai devolver para quem? Vamos deixar o Cade trabalhar e decidir.
Em comunicado, a Azul disse que "essa combinação de forças proporciona a oportunidade de fortalecer o setor, aumentando o número de voos oferecidos, alcançando mais de 200 cidades atendidas no Brasil e a capacidade de competir em um setor altamente globalizado". Também em nota, a Gol informou que o acordo estabelece que o endividamento das duas empresas combinadas terá que ser "pelo menos comparável à alavancagem líquida da Gol imediatamente antes do fechamento da potencial transação".
A Gol classificou o memorando como o início de um processo para "explorar a viabilidade de uma possível transação" e ressaltou que ele não tem impacto em sua estratégia de negócios. A fusão depende da conclusão do processo de saída da Gol do Chapter 11, o processo de recuperação judicial nos EUA " o que deverá ocorrer até maio, segundo a revisão do plano financeiro para os próximos cinco anos divulgada ontem pela companhia.
redução de dívidas
No plano, a Gol considera uma taxa de câmbio de R$ 6,04 para o período. Ontem o dólar fechou a R$ 6,02. "O plano demonstra o compromisso da Gol em expandir sua operação, tanto nacional quanto internacionalmente, e projeta o crescimento da frota da companhia para 167 aeronaves até 2029, ao mesmo tempo em que prevê investimentos na frota existente no curto prazo", afirma o documento. A empresa tem, hoje, 138 aeronaves Boeing 737.
Quanto ao processo de financiamento para saída do Chapter 11, a companhia informou que ainda não chegou a um acordo para arrecadar US$ 1,87 bilhão. Desse montante, US$ 1,32 bilhão seria usado para quitar o empréstimo tomado pela empresa para manter o caixa depois de entrar em recuperação judicial. Outros US$ 500 milhões serviriam para garantir liquidez imediata no balanço para a saída da recuperação. Como garantia, a Gol colocou a marca e propriedade intelectual da empresa, do programa de fidelidade Smiles, slots (permissões) de decolagem e pouso em grandes aeroportos brasileiros e seu pool de peças de reposição.
No balanço mais recente da empresa, do terceiro trimestre de 2024, a dívida líquida era R$ 27,6 bilhões. A Gol prevê que seu endividamento líquido caminhe para níveis regulares a partir do ano que vem.
" No curto prazo, a Gol consegue sair do Chapter 11, ter apoio dos credores, arrendadores e ser bem-sucedida, mesmo que possa prorrogar. Mas o cenário é incerto para cinco anos. O setor de aviação é complicado. A imprevisibilidade é muito grande " diz Luan Calimério, analista do BB Investimentos.