Viernes, 17 de Enero de 2025

Cosan vende fatia de 4% na vale em operação de r$ 9 bilhões

BrasilO Globo, Brasil 17 de enero de 2025

A Cosan informou ontem o mercado que vendeu 173,07 milhões de ações que detinha da Vale. O ...

A Cosan informou ontem o mercado que vendeu 173,07 milhões de ações que detinha da Vale. O montante equivalia a 4,05% dos papéis da mineradora. A transação representa o fim da aposta da companhia liderada por Rubens Ometto " que atua nas áreas sucroalcooleira, de combustíveis, de lubrificantes, energética e logística " na Vale. A operação rendeu à empresa R$ 9 bilhões.
Em fato relevante divulgado após a realização da operação, a Cosan informou que a decisão "se baseou exclusivamente no objetivo de otimizar sua estrutura de capital". Em nota, Ometto afirmou que "a Vale é um ativo extraordinário" e disse confiar na nova gestão de Gustavo Pimenta. No entanto, ele ressaltou que o patamar atual da taxa de juros no país resultou na decisão de reduzir a alavancagem da Cosan e vender sua participação na mineradora.
Também em comunicado, o CEO da Cosan, Marcelo Martins, observou que a empresa "está em uma trajetória clara de redução de alavancagem". E acrescentou que, "considerando a atual taxa de juros no Brasil, ficou difícil apostar em uma valorização expressiva do mercado acionário".
Cada ação foi vendida por R$ 52,29, um desconto de quase 0,6% em relação ao fechamento de anteontem, em R$ 52,60. A venda foi intermediada pelo banco JP Morgan. As ações da Vale encerraram o pregão ontem em leve alta de 0,13%, a R$ 52,67. Já as da Cosan subiram 0,58%, a R$ 8,63, após atingir R$ 9,32 na máxima intradiária.
Para Ian Toro, especialista de renda variável da Melver, o impacto positivo nas ações da Cosan indica que o negócio agradou aos investidores, que o viram como favorável à melhora nos fundamentos da empresa. Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos, avaliou que a venda da participação da Cosan na Vale ajuda a melhorar a posição financeira da empresa, o que pode ser visto como positivo pelo mercado no curto prazo. Em relação à Vale, ele diz que a venda pode ser analisada como neutra, com investidores ainda analisando eventuais impactos:
" A reação do mercado parece ter sido limitada, com as ações da Vale mostrando uma performance estável e até positiva nos dias subsequentes " aponta.
Felipe Papini, sócio da One Investimentos, lembrou que o mercado já estava antecipando o movimento de venda da participação na Vale pela Cosan. E avalia que o negócio vem com "uma sensação de alívio" à estrutura de capital do grupo.
" O mercado enxergou esse movimento como muito positivo " afirmou.
Negociação suspensa
A informação da venda foi antecipada ontem pela manhã, antes da abertura dos mercados, pelo Valor. As ações da mineradora chegaram a ficar mais de uma hora em leilão (suspensas para negociação) para amenizar o impacto do movimento chamado de blocktrade (quando um número grande de ações é vendido ao mesmo tempo). Os papéis da Vale só iniciaram sua negociação às 11h29, quase uma hora e meia após a abertura do mercado regular.
Em relatório, o Itaú avaliou que a venda da participação da Cosan na Vale era fundamental para reduzir a alavancagem financeira e simplificar a estrutura do grupo de combustíveis e logística. "Essa decisão elimina uma sobrecarga significativa nas ações, e acreditamos que a redução da complexidade resultante tornará a tese de investimento mais atraente para os investidores", escreveram os analistas do Itaú.
Para a Vale, a venda pode significar um aumento significativo na liquidez da ação da empresa, que já é uma das mais negociadas na Bolsa brasileira, aponta Daniel Teles, especialista da Valor Investimentos. De acordo com ele, isso ocorre porque há uma elevação na oferta de seus papéis no mercado:
" Nesse curto prazo, tem que ficar muito atento porque pode ter muita gente zerando posição e (gerando) um movimento de queda. Muita gente pode querer sair do ativo graças à oferta a um preço mais baixo de negociação.
entrada em 2022
A Cosan anunciou, no fim de 2022, que compraria 4,9% (podendo chegar a 6,5%) da Vale. À época, a operação poderia custar até R$ 22 bilhões. A empresa chegou a indicar representante no Conselho de Administração.
Segundo Carlos Braga Monteiro, CEO do Grupo Studio, a venda das ações da Vale reflete a estratégia da Cosan de se fortalecer financeiramente para enfrentar a alta dos juros no Brasil, já que a empresa depende de crédito em suas atividades. O foco da companhia, na visão do analista, é otimizar sua estrutura de capital, fortalecendo suas finanças para manter a competitividade e buscar novas oportunidades estratégicas.
" A decisão foi influenciada pelo ambiente econômico atual, com juros elevados no Brasil aumentando os custos de financiamento. A venda faz sentido, dado o impacto positivo na saúde financeira da companhia. Reduzir a dívida em um ambiente de juros altos alivia custos financeiros e aumenta a flexibilidade para investir em seus negócios principais, como energia, logística e gás natural. Os recursos também permitem à Cosan explorar novas frentes de expansão e inovação, alinhadas ao seu portfólio nesses setores " disse Monteiro.
Para ele, os impactos na Vale são limitados, já que a participação da Cosan representava apenas 4,05% do capital votante, e não devem influenciar a gestão de Gustavo Pimenta, que assumiu a presidência da Vale em agosto do ano passado após meses de indefinição.
" Embora a venda tenha ocorrido após a troca de comando na Vale, não há indícios de que a mudança tenha motivado a decisão " disse.
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