Martes, 11 de Febrero de 2025

Tapioca e pão de queijo mudam o cultivo de mandioca no brasil

BrasilO Globo, Brasil 11 de febrero de 2025

A busca por uma alimentação mais saudável, da qual a tapioca faz parte, está impulsionando ...

A busca por uma alimentação mais saudável, da qual a tapioca faz parte, está impulsionando o consumo de derivados de mandioca e estimulando a produção. Mas o pão de queijo também tem seu papel. Ambos são produzidos a partir da fécula de mandioca, o polvilho, cujo consumo e produção cresceram, respectivamente, 17% e 12% no ano passado, segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da USP.
Em 2024, foram produzidas aproximadamente 680 mil toneladas de fécula, maior volume anual da série histórica do Cepea, iniciada em 2004. Já o consumo ficou pouco acima de 640 mil toneladas.
" Até pouco tempo, a tapioca era consumida predominantemente no Nordeste. Com esse novo olhar da tapioca como alimento fit consolidado, o consumo se expandiu para o Centro-Sul " diz João Orlandi Fadel, produtor e proprietário de processadora de mandioca em São Pedro do Turvo (SP). " No caso do pão de queijo, a constante evolução da tecnologia de processamento e vendas congeladas permitem maior interesse do consumidor e melhores condições de logística.
Pesquisadores ressaltam algumas características da mandioca que também são um estímulo à produção. Entre elas, a resistência a condições climáticas adversas e o bom desenvolvimento mesmo em solos mais pobres.
Embalagem e até cerveja
José Carlos Feltran, pesquisador do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), considera o cenário atual animador para os produtores da raiz:
" Sua resistência às condições adversas oriundas das recentes alterações climáticas, como aumento da temperatura e menor quantidade de chuvas, é uma vantagem para o cultivo. Além disso, as variedades vão bem em solos pobres. Por isso mesmo acabam sendo escolhidas para áreas de recuperação de pastagens e na rotação de culturas.
Acompanhando essa demanda crescente, as pesquisas para melhorar o aproveitamento da mandioca também avançam. O IAC, por exemplo, desenvolveu novas variedades com maior teor de amido, o componente que mais interessa à indústria. Segundo Feltran, "quanto maior o percentual de amido por raiz, maior aproveitamento no processamento."
Outro uso menor da mandioca é como matéria-prima de embalagens biodegradáveis, que podem ser consumidas ou destinadas à compostagem. A Oka Bioembalagens, de Botucatu (SP), é especializada na produção de embalagens a partir de mandioca, que levam apenas 30 dias para se decompor.
" Foram muitos anos para consolidação de um mercado que absorvesse um novo tipo de produto, a partir de novos hábitos, mas agora é um caminho sem volta " diz Erika Cezarini Cardos, designer e sócia da Oka, que fez o primeiro projeto para uso de mandioca em embalagens em 1999, na Universidade Estadual Paulista (Unesp).
Hoje, a empresa comercializa mais de 20 itens diferentes entre copinhos de sorvete, embalagens para ovos, cases para cosméticos, cápsulas para sementes, entre outros projetos personalizados.
Há ainda a iniciativa de um grupo de cervejeiros artesanais que, em busca de uma cerveja com a cara do Brasil, teve a ideia de usar mandioca. A manipueira (o líquido amarelo extraído da mandioca) contém micro-organismos que podem ser utilizados para fermentar bebidas alcoólicas " inclusive a cerveja.
" Isso faz com que a cerveja, hoje tão industrial, passe a ser um produto que é fruto do contato com a ruralidade e a agricultura familiar " diz Diego Simão Rzatki, sócio-fundador e mestre cervejeiro da Cozalinda, de Florianópolis (SC).
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