Dólar cai a r$ 5,695, menor cotação desde 7 de novembro
O dólar fechou ontem em baixa de 1,26%, a R$ 5,695, o menor patamar desde 7 de novembro. A ...
O dólar fechou ontem em baixa de 1,26%, a R$ 5,695, o menor patamar desde 7 de novembro. A moeda acumula queda de 9,1% desde a máxima histórica de R$ 6,26 em 18 de dezembro, sendo 7,83% só este ano. Na B3, o Ibovespa subiu 2,7% e atingiu o maior nível de 2025 (128.219 pontos). No ano, a Bolsa acumula alta de 6,6%, e o saldo de investimentos de estrangeiros nas ações brasileiras está positivo em US$ 7 bilhões no ano.
A queda acentuada da aprovação do presidente Lula na pesquisa Datafolha divulgada ontem, com a avaliação negativa alcançando 41%, contribuiu para acelerar a queda do dólar e a valorização das ações. A moeda estava em baixa em torno de 1%, mas logo após o Datafolha, no meio da tarde, o ritmo de queda aumentou e o dólar caiu abaixo de R$ 5,70 pela primeira vez em mais de três meses. O mesmo movimento foi visto na Bolsa.
" A pesquisa Datafolha fez preço. O mercado antevendo um possível governo mais à direita (em 2027), pró-mercado, traz alívio ao câmbio " opina André Valério, economista sênior do Banco Inter.
FED , GALÍPOLO e a META
No início do dia, investidores acompanharam a divulgação de dados do comércio varejista dos EUA, que vieram abaixo das previsões. Luan Aral, especialista em câmbio da Genial Investimentos, explica que o indicador pode sinalizar uma desaceleração da economia americana que abriria espaço para um corte de juros pelo Fed, o banco central dos EUA. A perspectiva, em tese, é positiva para o real. Com juros americanos em baixa e os do Brasil em alta, a tendência seria de aumento das operações de carry trade " quando um investidor toma dinheiro emprestado em um país onde os juros são baixos, no caso os EUA, e aplica em outro com taxa maior, o Brasil.
Para Valério, do Inter, declarações dadas ontem pelo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, também contribuíram para o otimismo no mercado.
" Ele voltou a afirmar que, para retomar a convergência da inflação à meta, é necessária desaceleração da atividade. O mercado fica otimista porque a meta de inflação é a que mais preocupa " diz o economista, lembrando que a média dos investidores está prevendo IPCA de 5,58% em 2025, mais de um ponto acima do teto da meta.
A abordagem sobre tarifas adotada até agora pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, é vista por alguns analistas como "mais branda do que a prevista", e ainda sem maiores efeitos por aqui. Aral, da Genial, avalia que o Brasil não deve ser um dos principais alvos do republicano. Para o economista, ainda que sejam mantidas tarifas sobre aço, alumínio e etanol brasileiros, não deverá haver maiores problemas na balança:
"Para os EUA, exportamos produtos semiacabados: lingote de ferro, suco, carne bovina processada. Nossos produtos movimentam uma cadeia muito mais atraente.
Alan Martins, analista da Nova Futura Investimentos, avalia que o mercado já começou a precificar as exportações da safra de grãos deste ano, que deve quebrar recordes históricos e atrair mais dólares para o país.
No Ibovespa, o aumento do apetite pelo risco, a constatação de que algumas ações estão com preços subavaliados e a avaliação de que o "efeito Trump" será limitado também atraíram investidores. Das 87 ações listadas no Ibovespa, 81 encerraram o dia em alta.
" As tarifas terão um peso menor para as ações que estão na Bolsa, pois não impactarão tanto " afirma Ramon Coser, especialista da Valor Investimentos.
Os papéis da Petrobras fecharam ontem com alta de 3,60% (ordinárias) e de 3,06% (preferenciais), também impulsionadas por relatório do banco americano J.P. Morgan aumentando o preço-alvo das ADRs da estatal (recibo de ações brasileiras negociados nas bolsas americanas) e com recomendação de compra.
JUROS FUTUROS CAEM
Os juros futuros encerraram a semana em queda expressiva, puxados pela baixa aprovação de Lula e pela queda dos rendimentos dos títulos do Tesouro americano após os dados mais fracos do varejo nos EUA. No fim do ano passado, algumas taxas chegaram perto de 16%, mas agora todas estão abaixo de 15%. O contrato de DI para janeiro de 2026 caiu de 14,84% para 14,76%; o de janeiro de 2027 recuou de 14,95% para 14,72%; e o de janeiro de 2029 baixou de 14,82% para 14,45%.