Botafogo: textor se acerta com técnico vasco matos

A dúvida em torno de quem será o próximo técnico do Botafogo, que preocupa o torcedor há um mês e meio, parece estar com os dias contados. O dono da SAF alvinegra, John Textor, deu por encerrada sua série de entrevistas e decidiu por Vasco Matos, cotado no clube desde o início do ano. As duas partes chegaram a um acordo, e a assinatura do contrato até o fim de 2026 está por detalhes.
Entre as questões burocráticas a serem acertadas, uma delas diz respeito à licença Uefa de Matos. O português possui a de categoria A, hierarquicamente a segunda mais importante no continente. Mas ela não é aceita pela Conmebol, que exige a do tipo Pro.
Além disso, a entidade exige a comprovação de cinco anos de experiência no comando de uma equipe de primeira ou segunda divisão. Isso porque a Conmebol adota o princípio da reciprocidade, já que a Uefa faz o mesmo para homologar a licença de treinadores sul-americanos.
Embora tenha iniciado como técnico em dezembro de 2017, o português deu uma pausa na função e voltou a atuar como auxiliar entre 2020 e 2023. Por isso, ainda não atende ao pré-requisito. O Botafogo já atua para resolver a questão e garantir que Matos possa estar na área técnica durante a Libertadores.
O mesmo ocorreu com o também português António Oliveira. Sem licença Uefa Pro e os cinco anos de experiência , ele não podia assinar como técnico as súmulas dos jogos do Athletico na Sul-Americana de 2021.
Ex-atacante que pendurou as chuteiras em 2016, Matos tem trajetória que lembra a de Filipe Luís, do Flamengo. Jogador que já se destacava pela leitura tática, o português iniciou os estudos para tirar a licença antes da aposentadoria.
Enquanto o Botafogo não resolve estas últimas pendências, o treinador segue como técnico do Santa Clara, a grande surpresa da atual edição da Liga Portugal. E é do quinto colocado na tabela (atrás apenas dos tradicionais Sporting, Benfica, Porto e Braga) que se pode tirar informações e projetar o que esperar de Matos.
Aos 44 anos, ele está em sua segunda temporada pelo Santa Clara. Encontrou um time rebaixado para a segunda divisão e com o elenco repleto de carências, já que a queda levou o clube a dispensar boa parte do elenco. Com isso, teve a oportunidade de montar um grupo mais adequado às suas ideias.
Deu tão certo que o Santa Clara conquistou o acesso sendo campeão da Segundona. E, no retorno à elite, tem ocupado a parte de cima da tabela desde o início.
Com o Santa Clara, Matos passou a ser visto em Portugal principalmente como um bom formador de defesas sólidas. Na campanha do título, na Segundona, sofreu apenas 19 gols em 34 partidas. Já na atual temporada, na divisão de elite, o time é o quinto que menos sofreu gols, tendo sido vazado 23 vezes em 22 compromissos.
O time costuma atuar no 3-4-3 com a bola nos pés e no 4-2-3-1 sem ela, para melhorar a pressão sobre o adversário. Um bloqueio na frente que tem se mostrado muito eficiente. Em geral, a pressão do Santa Clara atrapalha a saída do rival e o obriga a fazer lançamentos. E um dos pontos fortes da equipe de Matos é justamente a eficiência nas disputas aéreas.
Marcar gols, por outro lado, não é uma virtude da equipe (é só o 10º ataque do Campeonato Português). Mas o time compensa com a eficiência nas finalizações.
O Santa Clara se caracteriza por não perder tempo com a bola nos pés. Sai em velocidade, quase sempre com passes verticais. O clube é apenas o 15º em posse de bola na Liga Portugal, com uma média de 44,4%.