Marcel telles, da 3g, vira sócio da dona da growth, de whey protein
O bilionário brasileiro Marcel Telles, que fundou a 3G Capital com Jorge Paulo Lemann e ...
O bilionário brasileiro Marcel Telles, que fundou a 3G Capital com Jorge Paulo Lemann e Carlos Alberto Sicupira, é o novo sócio da Merama. Criada na pandemia com a ambição de se tornar uma espécie de "Unilever do e-commerce" latino-americano, a holding está captando US$ 215 milhões (cerca de R$ 1,2 bilhão) " via ações e dívida " para turbinar o portfólio de marcas, entre elas as brasileiras Growth Supplements, gigante do whey protein, e Océane, de maquiagem e skincare.
A parte captada via ações somou US$ 45 milhões e trouxe Marcel Telles " o principal arquiteto do império cervejeiro da 3G, que criou a AB InBev a partir de fusões em série. Trata-se de investimento na pessoa física, sem a 3G. Quem fez a ponte entre a Merama e o bilionário foi a Maya Capital, gestora de startups em estágio inicial, que tem entre as fundadoras Lara Lemann, filha do sócio de Telles. Além de investidor, o bilionário terá o papel de observador no Conselho de Administração da Merama.
" O Marcel é usuário dos produtos da Growth Supplements, e será fundamental ter um empresário com a sua visão acompanhando de perto a evolução da companhia " disse à coluna o americano de ascendência indiana Sujay Tyle, que antes de cofundar a Merama com um mexicano e dois brasileiros foi listado na "Forbes 30 under 30" e vendeu uma startup por US$ 700 milhões para a OLX/Naspers.
Também participaram da rodada investidores que já estavam no capital da Merama, como Advent International, SoftBank, Balderton Capital, Monashees e Valor Capital. A companhia afirma que o aporte não mudou o valor da holding, avaliada em mais de US$ 1 bilhão no fim de 2021.
" Muita coisa mudou desde então, enxugamos o portfólio de marcas para concentrar naquelas que víamos maior potencial, e o cenário de startups mudou " sustentou Tyle.
Nos seus primeiros anos, a Merama chegou a deter mais de 20 marcas nativas digitais no portfólio. Este ano, ela começou a executar o plano de se tornar uma holding com apenas seis negócios: além das duas brasileiras, estão na prateleira a chilena Bebesit (artigos de bebê) e as mexicanas Avera (eletrodomésticos), Mercadazo (que vende de jogos a produtos de jardinagem) e MundoIn (móveis de escritório).
" No segmento de produtos que são commodities e que vendem no Mercado Livre e na Amazon, é difícil ser competitivo diante da produção chinesa. Seria preciso ter um volume imenso de marcas para ser grande. Então, passamos a focar em seis companhias dominantes, todas únicas, e com produtos customizados " acrescentou Tyle.
As outras marcas foram vendidas. A Merama tem a totalidade do capital ou a participação majoritária nas marcas que continuam no portfólio, mas saiu do dia a dia da gestão.
Risco cambial
Com vendas anuais que superam US$ 500 milhões, a Growth Supplements é a maior delas e, segundo o empresário, já cresceu 15 vezes desde que a Merama entrou no seu capital. Como a coluna já informou, a Merama chegou a 100% do capital da marca em meados do ano passado.
Segundo Tyle, a Merama já gera um Ebitda (lucro antes de impostos, amortizações etc.) da ordem de US$ 100 milhões e prevê crescer 25% ao ano daqui para frente.
" A gente não precisa de dinheiro, mas fizemos a captação para garantir que teremos recursos suficientes para realizar investimentos em capacidade produtiva e em estoque das nossas marcas. A Growth Supplements fabrica tudo o que vende, e isso requer investimento contínuo " explicou.
Além do aporte no capital, a Merama levantou US$ 170 milhões em dívida com BTG Pactual, Citi e Itaú. O crédito é denominado em reais, porém.
" No ano passado, a gente levantou US$ 80 milhões com o JP Morgan em dívida em dólar. Mas nossas receitas não são em dólar. A gente queria garantir que nossas dívidas fossem em reais, para acabar com o risco cambial " disse.