Pimenta ganha espaço na alta gastronomia e entre jovens
O consumo de pimentas no Brasil ganha fôlego com o comportamento da geração Z, de paladar ...
O consumo de pimentas no Brasil ganha fôlego com o comportamento da geração Z, de paladar ousado, adicionando mais pimenta, pimentão e derivados nas refeições e snacks no cotidiano. E pelo gosto de consumidores com maior poder aquisitivo, que buscam experiências gastronômicas premium e produtos artesanais diferenciados.
Quem atesta é a Kantar, empresa de pesquisa de mercado, mas a tendência é reforçada pelo Guia Michelin " pesquisa recente da publicação indicou que temperos à base de pimenta são, hoje, os mais usados após aqueles com sal.
A procura crescente e a possibilidade de produzir praticamente o ano todo por causa do clima têm estimulado agricultores e neófitos a entrarem no mercado. Segundo estimativa da Embrapa, o país planta 5 mil hectares de pimentas, em pequenas e médias propriedades. É o caso dos irmãos Emerson e Rodrigo Ceschi, de Holambra (SP), que trocaram o trabalho como bancários para investir no cultivo.
No sítio da família, montaram estufa onde plantam dezenas de variedades da hortaliça. A produção é vendida in natura, para quitandas, empórios e mercados, mas também produzem iguarias com receitas próprias e recebem o público para visitas guiadas e degustação. Entre as variedades estão desde a suave pimenta biquinho até a "pimenta nuclear" Carolina Reaper, criação americana especialmente desenvolvida para ser a mais picante.
" Recebemos nas visitas curiosos e amantes da picância. Explicamos um pouco dessa cultura, sobre a ardência da pimenta e algumas dicas de degustação " conta Rodrigo Ceschi, acrescentando que a Carolina Reaper requer explicação cuidadosa, pois o efeito leva alguns segundos: " Precisamos avisar quem ainda não conhece, pois a tendência é que a pessoa queira colocar um pouquinho mais na boca, mas o efeito chega forte depois.
Igual a spray de policial
A Carolina Reaper foi desenvolvida pelo pesquisador Ed Currie, da Carolina do Sul, nos EUA. Com aparência de minipimentão, com pequena haste, é considerada "nuclear" pelo efeito que causa na boca. Ela é descrita como similar aos sprays usados pelos policiais para imobilização de pessoas.
Os irmãos Ceschi cultivam também a biquinho preta, mais forte do que a vermelha convencional, em razão da maior presença de capsaicina, que promove a picância.
Quem já está no negócio faz tempo, como outra dupla de irmãos, da cidade de Vinhedo (SP), investe para crescer. Gustavo Moreira de Aquino e Diogo Moreira de Aquino começaram em 1994, com pequena plantação de pimenta malagueta, no sítio dos pais, a fim de processá-las e vendê-las para a indústria. Com o tempo, optaram por ter a própria indústria, a Sabor das Índias.
Hoje, ela tem parceria com pequenos e médios produtores de São Paulo e Minas Gerais e compra 34 toneladas por mês, entre habanero, jalapeño, malagueta, dedo-de-moça, bode, biquinho e Carolina Reaper. São fabricados, mensalmente, 68 mil vidros de produtos, entre geleias, molhos, cremes, patês e mostardas condimentadas.
Após consultoria com o Sebrae, conseguiu certificação da FDA (agência americana) e passou a exportar para os EUA, além de Canadá, Inglaterra, Japão, Portugal, Alemanha e Dubai. (Colaborou Eliane Silva, de Ribeirão Preto)