Apostadores no país gastaram até r$ 30 bi por mês em bets

Apostadores brasileiros gastaram até R$ 30 bilhões por mês em bets entre janeiro e março de 2025, afirmou o secretário-executivo do Banco Central (BC), Rogério Lucca. Segundo o secretário do BC, a estatística foi feita com base em informações mais concretas obtidas desde a regulamentação do setor, que entrou em vigor em 1º de janeiro.
" Durante este ano, de janeiro a março, esse valor que a gente acompanha de atividade gira em torno de R$ 20 bilhões a R$ 30 bilhões por mês " explicou em sessão da CPI das Bets, no Senado.
Dados do BC divulgados no ano passado apontavam que os brasileiros gastaram cerca de R$ 20 bilhões por mês em apostas on-line nos primeiros oito meses de 2024. As estatísticas foram revisadas após a regulamentação.
Impacto sobre juros
Análise preliminar já havia sido feita pelo BC antes da regulamentação. Segundo o presidente do BC, Gabriel Galípolo, no entanto, a autoridade monetária subestimou o montante que é pago em prêmios aos apostadores.
A nota técnica da instituição considerava que cerca de 85% do total gasto em apostas retornava como prêmio pago pelas casas de apostas. No entanto, dados da Secretaria de Prêmios e Apostas do Ministério da Fazenda (SPA) mostram percentual em torno de 93%.
" Estamos tentando reunir dados para entender como está migrando esse comportamento e como ele pode evoluir ou não. Os dados de apostas envolvem tudo que foi gasto na empresa, mas tem um valor que volta, que a gente estimou em 85%, e a SPA estima que hoje esse valor esteja em 93% " disse Galípolo.
Galípolo foi ouvido ontem na CPI das Bets do Senado. O convite foi feito pelo presidente da CPI, o senador Dr. Hiran (PP-RR), para discutir se a autoridade monetária pode propor normas específicas para transferências financeiras das casas de aposta, como as bets esportivas.
A senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) é a relatora da CPI, que foi instalada dia 12 de novembro.
O presidente do BC explicou que a autoridade monetária não tem competência legal para fiscalizar ou aplicar sanções relativas a transações que envolvam apostas de cota fixa.
Galípolo afirmou que o BC faz estudos que analisam o impacto das apostas no Brasil sobre a estabilidade financeira e a política de juros.
Segundo o presidente do BC, a autoridade monetária e participantes do mercado começaram a identificar grande volume de dinheiro destinado a apostas esportivas.
" Ano passado, em estudos preparatórios para uma reunião do Copom, nos chamou a atenção que parte da renda das famílias não estava indo nem para consumo nem para poupança. Alguns participantes de mercado já haviam nos alertado que fluxos financeiros para sites de apostas estavam se tornando significativos, com potencial impacto na atividade econômica " explicou.
Grau de risco
Galípolo afirmou que os bancos já levam em consideração a prática de apostas por clientes para definir o grau de risco e custo de crédito ao conceder empréstimos.
" Os bancos consideram sim esse tipo de prática por parte do cidadão para poder analisar ou classificá-lo como um risco mais elevado. A gente já tem o monitoramento desse efeito " disse.
Segundo Galípolo, os bancos já cobram custos de crédito mais elevados de pessoas que apostam.
" Hoje a maior parte dos bancos que a gente conversa, ao analisar que o risco é maior de inadimplência no caso de quem aposta, já tem considerado ali um risco maior. E no final do dia acaba saindo um custo mais elevado para essas pessoas que pegam empréstimo " completou.