Empresas dos eua sentem impacto e falam em alta de preço

As tarifas de Donald Trump começam a afetar empresas de diferentes setores, como as de varejo e de consumo. Nas teleconferências referentes aos resultados do primeiro trimestre, CEOS alertaram para o risco de aumento de preços, reduziram as projeções de lucros, previram fortes perdas daqui para a frente e, em alguns casos, chegaram a citar o termo "recessão".
Embora menos de um quinto das empresas do índice S&P 500 já tenha realizado calls sobre seus resultados, as tarifas foram mencionadas por mais de 90% delas, segundo a FactSet. O termo "recessão" foi citado em 44% das chamadas, contra menos de 3% nas do quarto trimestre de 2024.
A PepsiCo reduziu sua projeção de lucro para o ano, à medida que a política comercial imprevisível nos EUA aumenta os custos, e se prepara para enfrentar custos crescentes na cadeia de suprimentos, com novas tarifas encarecendo os ingredientes.
" À medida que olhamos para o futuro, esperamos mais volatilidade e incerteza, especialmente em relação a desdobramentos no comércio global" disse o CEO da PepsiCo, Ramon Laguarta, após a empresa reportar queda de 1,8% nas vendas do primeiro trimestre, totalizando US$ 17,9 bilhões.
A Nestlé registrou vendas acima do esperado nos três primeiros meses do ano, mas está aumentando seus preços para compensar a disparada das commodities e a pressão de custos das tarifas.
" Estamos tentando aplicar o máximo de reajuste possível para cobrir nossos custos, ao mesmo tempo em que levamos em conta a reação dos consumidores. É correto destacar o sentimento fraco do consumidor, e isso não só nos EUA, mas de forma geral " disse o CEO da Nestlé, Laurent Freixe.
A farmacêutica Merck e a A Boston Scientific estimam perdas de US$ 200 milhões este ano devido a tarifas já anunciadas. A estimativa não inclui a possibilidade de Trump cumprir sua promessa de impor tarifas sobre importações farmacêuticas nos EUA, o que se somaria às já existentes. A Johnson & Johnson manteve sua previsão anual de lucros na semana passada, mas apontou US$ 400 milhões em custos adicionais relacionados principalmente a tarifas.
As gigantes da telefonia AT&T e Verizon alertaram que as tarifas podem elevar o preço de celulares e roteadores.
A Norfolk Southern, gigante ferroviária dos EUA, disse que haverá desaceleração nos embarques de carros e contêineres, enquanto a produção de carvão pode cair "em meio a uma significativa incerteza".
O fabricante de turbinas a gás GE Vernova afirmou que seus custos podem subir até US$ 400 milhões neste ano, enquanto as empresas de serviços petrolíferos Halliburton e Baker Hughes alertaram que a guerra comercial pode reduzir seus lucros, atrapalhar cadeias de suprimento e derrubar os preços do petróleo, o que levaria a uma retração na perfuração.