Miércoles, 07 de Mayo de 2025

‘Lado b’ da brazilian storm enfrenta crise financeira

BrasilO Globo, Brasil 5 de mayo de 2025

Desde que Gabriel Medina se consagrou como primeiro brasileiro campeão mundial, em 2014, o surfe ...

Desde que Gabriel Medina se consagrou como primeiro brasileiro campeão mundial, em 2014, o surfe do país se transformou numa grife: a Brazilian Storm ("Tempestade Brasileira", em referência à profusão de talentos da geração mais vitoriosa da modalidade) estabeleceu uma hegemonia no circuito mundial ao conquistar cinco títulos seguidos e, de quebra, levar o ouro olímpico inédito, em Tóquio-2020, com Italo Ferreira. Apesar da ascensão do esporte, apenas um seleto grupo de atletas pode se dar ao luxo de surfar na crista dessa onda, já que a realidade escancara dificuldades financeiras, em especial para aqueles que ainda buscam um lugar na elite.
Caio Ibelli, que por quase uma década competiu no Championship Tour (CT), anunciou na semana passada a desistência momentânea do Challenger Series (segunda divisão). Em entrevista ao GLOBO, o surfista de 31 anos, natural do Guarujá (SP), alegou que seria injusto arriscar o dinheiro que guardou na carreira para voltar à elite, uma vez que é "como se estivesse começando do zero em uma empresa, e trabalhando para ganhar uma experiência que já tem no currículo".
Sem patrocínio de bico na prancha " encerrou o ciclo com a Rusty no fim de 2024 " e à espera de um filho com a esposa, Taliê, Ibelli decidiu colocar as competições em segundo plano diante da nova realidade financeira.
" Antigamente, você podia se manter como profissional só ganhando dinheiro com premiação de campeonatos ao redor do mundo. Hoje, as competições diminuíram muito. Para ter noção, o surfista tem que ficar, no mínimo, em terceiro para recuperar o dinheiro que gastou para correr uma etapa do Challenger. Se ficar em quinto, o que é um ótimo resultado, não serve financeiramente " destaca.
DESPESAS DISPARAM
Além dos custos de viagem " do transporte à hospedagem, passando pela alimentação e a taxa de prancha ", o próprio surfista tem que bancar a inscrição de 350 dólares (cerca de R$ 1.980 na cotação atual) por etapa e uma afiliação de mil dólares (R$ 5.650), que cobre os seguros hospitalar e de vida durante a temporada. Segundo Caio, a despesa total a cada campeonato chegava a ultrapassar 3.500 dólares (quase R$ 20 mil). Com a desvalorização do real frente à moeda americana, os brasileiros estão precisando se desdobrar para encontrar uma luz no fim do túnel.
" Hoje, está tudo inflacionado. A gente tem que lotar um apartamento, tirando o conforto de que precisaria em um evento. É bem triste ver surfistas do Brasil que conseguiram vaga no Challenger e não podem se preparar porque estão batendo em todas as portas para viabilizar essa oportunidade " lamenta Ibelli.
Quem também conviveu com a perda de patrocínios e pensou em desistir do circuito foi Mateus Herdy, que aproveitou vagas de wild card na primeira divisão para juntar uma grana. Mas parte dessa poupança já foi embora em gastos no Challenger, colocando em risco o futuro de sua carreira.
O catarinense de 24 anos teve que recorrer a pessoas do meio para continuar no mundo das competições, como o criador de filmes de surfe Logan Dulien e a empresa Surfland, responsável pela piscina de ondas em Garopaba (SC). Ele afirma que dará agora o "último tiro" para subir de patamar financeiro e profissional com a vaga inédita na elite.
" É o pior momento do surfe. Todo mundo sem patrocínio, premiação mais baixa... As marcas passaram a ter uma ambição muito grande de conquistar pessoas de fora do segmento, só que perderam a essência. O público fiel já não compra tanto " analisa o surfista.
Herdy, que passou a correr mais etapas do Dream Tour (circuito brasileiro) a fim de seguir competindo e aumentar sua renda, enquanto reduz as despesas, diz que "os surfistas, como um todo, pensam muito em si mesmos" e que poucos "sabem agir profissionalmente", o que, na visão dele, atrapalha a evolução do esporte.
Enquanto Herdy busca consolidar a carreira como surfista do CT, Ibelli, que é dono de uma hamburgueria que leva seu nome, vislumbra outras oportunidades:
" É muito triste não poder continuar no Tour. Por outro lado, esse momento vai chegar na carreira de todos os atletas. Estou feliz porque poderei estar presente no parto do meu filho e viver os primeiros meses dele sem sair de casa. Também estou colocando a cabeça no lugar para ver onde eu consigo me conectar.
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