Agente da core morre durante operação na cidade de deus
O policial civil José Antônio Lourenço Júnior, da Coordenadoria de Recursos Especiais ...
O policial civil José Antônio Lourenço Júnior, da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), foi morto ontem durante uma operação da corporação na Cidade de Deus, na Zona Oeste do Rio. Ele, que tinha 38 anos, foi atingido no rosto.
A Core, grupo de elite da Polícia Civil, estava na favela auxiliando uma operação do Instituto Estadual do Ambiente (Inea) no cumprimento de mandados judiciais em uma investigação que apura a qualidade do gelo produzido em uma fábrica na região que é vendido nas praias da Barra da Tijuca e do Recreio. Apesar de a ação não ser contra o tráfico de drogas, criminosos do Comando Vermelho reagiram à presença dos policiais e mataram o agente.
O secretário de Polícia Civil do Rio, Felipe Curi, prometeu uma resposta "à altura e na mesma proporção do ato que foi praticado". Em entrevista ao RJ1, da TV Globo, ele avisou que os agentes não tinham prazo para sair da comunidade. No entanto, à noite, as equipes foram desmobilizadas.
" Foi um atentado terrorista contra o estado. Um policial que morre, obviamente que nós sentimos muito, mas é o estado que está sendo atingido. Ele tomou um tiro no meio do rosto, que parou atrás da cabeça dele " afirmou.
A operação começou logo cedo na fábrica de gelo suspeita de vender produtos impróprios para consumo humano. A ação ainda estava no início, não havia tiroteio, quando um homem matou o policial. Segundo o RJ2, ele estava escondido atrás de um muro e posicionou o cano da arma em um buraco aberto para permitir que se atire sem ser visto. O agente chegou a ser socorrido para o Hospital Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, mas não resistiu aos ferimentos.
aulas suspensas
José Antônio é descrito por pessoas próximas como uma pessoa alegre e brincalhona. Entre fevereiro de 2022 e maio de 2023, quando estava licenciado da Core, foi subsecretário de Operações da Secretaria municipal de Ordem Pública (Seop). Seu corpo foi liberado ontem à tarde pelo Instituto Médico-Legal (IML) e será sepultado hoje no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, na Zona Oeste.
Após a morte do agente, a Polícia Civil aumentou o reforço da operação. Houve intensos confrontos durante todo o dia e, no início da tarde, um grupo incendiou caçambas de lixo, interditando as pistas da Linha Amarela, no sentido Fundão por 20 minutos. Motoristas tiveram que deitar no asfalto para se proteger dos disparos. Dentro da Cidade de Deus, 23 escolas estaduais e municipais tiveram as aulas suspensas.
Professores de algumas dessas unidades relataram que o tiroteio começou ainda durante as aulas. Segundo uma das profissionais, ao primeiro som de disparos, seus alunos começaram a ficar desesperados e gritar: "Tia, é tiro, é bomba".
" Eles têm um misto de medo e costume, que é triste de ver. Um grupo de seis alunos mais novos ficaram abraçados comigo, passando a mão no meu cabelo, como se estivessem me consolando " contou ela.
Em uma rede social, o governador Cláudio Castro (PL) disse que quem fechou as escolas foram os criminosos.
"É importante deixar claro: quem fecha escolas e hospitais e paralisa serviços públicos não é o Estado, não é a polícia. São os criminosos. São eles que oprimem a população e tentam impor o medo nas comunidades. E é contra isso que nós estamos lutando todos os dias", escreveu o governador.
José Antônio é o terceiro agente da Core a ser atingido num período de dois meses.
Prisões à tarde
A Polícia Civil investiga se criminosos que participaram da morte do agente da Core fugiram para outras favelas próximas, também dominadas pelo Comando Vermelho. Por isso, dezenas de agentes ocuparam a Gardênia Azul e o Morro do Banco, ambos na Zona Oeste, em busca dos traficantes.
Cinco pessoas suspeitas de envolvimento com a facção foram presas durante as ações nessas localidades. Foram apreendidas ainda munições, drogas e cédulas falsas.