Dólar volta a cair e acumula baixa de quase 10% no ano
O dólar voltou a fechar em baixa ontem e recuou ao menor nível desde 8 de outubro de 2024. ...
O dólar voltou a fechar em baixa ontem e recuou ao menor nível desde 8 de outubro de 2024. A moeda americana caiu 0,28%, a R$ 5,569, encerrando a sexta-feira na contramão do resto do mundo. Enquanto o cenário exterior apontava o fortalecimento da moeda americana, após dados fortes de emprego nos EUA, o ajuste de expectativas para a Selic " com aumento das apostas de nova alta do juro básico este mês " e a perspectiva de um fluxo estrangeiro robusto fortaleceram o real.
Na semana, o dólar caiu 2,60% e acumula recuo de 9,87% no ano. Já o Ibovespa teve leve queda, de 0,10%, a 136.102 pontos.
Os juros futuros encerraram a semana com leve baixa, em um movimento de correção após as altas das últimas sessões e com a expectativa do anúncio de medidas fiscais nos próximos dias. Ao fim do pregão, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2026 caiu de 14,91% para 14,9%, e a de janeiro de 2027 recuou de 14,36% para 14,29%.
Apesar da queda nos juros futuros ontem, as apostas de nova alta da taxa básica de juros aumentaram na última semana. Se antes era quase um consenso o cenário de fim do ciclo de elevações e manutenção da Selic em 14,75% ao ano, a precificação atual indica mais uma alta, de 0,25 ponto percentual.
Há um mês, os juros futuros para janeiro de 2026 estavam em 14,70%, portanto abaixo da Selic atual de 14,75% e dos 14,90% registrados ontem.
O movimento do mercado foi marcado pelo relatório oficial de emprego dos EUA (o payroll), que mostrou um mercado de trabalho resiliente em maio, com abertura de 139 mil empregos. Isso reduz as apostas de que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) cortará os juros em breve.
DIFERENCIAL DE JUROS
Com o alto diferencial de juros em relação aos EUA, o Brasil acaba se tornando um destino vantajoso para parte do capital que tem saído do mercado americano. O economista-chefe da Nomad, Danilo Igliori, avalia que a política econômica do presidente Donald Trump " principalmente em relação a tarifas de importações " e a questão fiscal delicada dos EUA têm levado a uma fuga de recursos do país.
O diferencial de juros pode ser uma das explicações para o comportamento díspar do real ontem, diz Ian Lima, da Inter Asset. O cenário atrai para o Brasil os estrangeiros dispostos a lucrar com operações de carry trade " quando se toma empréstimo em um país com juros baixos para aplicar o capital em renda fixa em um país com taxas mais altas, lucrando com a diferença.