Drone flagra pms sem ação diante de comboio da milícia
Policiais flagrados por um drone, no último sábado, observando a passagem de um comboio de ...
Policiais flagrados por um drone, no último sábado, observando a passagem de um comboio de milicianos na favela do Catiri, na Zona Oeste, serão ouvidos pela Corregedoria da Polícia Militar. A filmagem mostra quatro agentes do lado de fora da viatura, que estava parada numa esquina da comunidade, no momento em que os sete carros passam. Nenhum deles esboçou qualquer reação.
" Quando a gente está em uma situação como essa, em que se está em inferioridade numérica, o que deve ser feito é justamente buscar os recursos necessários para ter condições de agir. E o que apuramos até agora é que eles fizeram isso: acionaram o comando e, logo depois, o GAT foi chamado. Mas eles foram convocados para que a gente entenda exatamente as circunstâncias do que aconteceu " disse a porta-voz da PM, tenente-coronel Cláudia Moraes.
Após o momento registrado no vídeo, houve um intenso tiroteio entre os criminosos filmados e traficantes do Comando Vermelho (CV). Uma bala perdida atingiu Tatiane Werneck, de 43 anos, no ombro, no Jardim Bangu, favela próxima ao Catiri. Ela passou por cirurgia, e seu quadro é estável.
A polícia diz que os homens do comboio eram milicianos que atuam na região e realizavam uma "varredura" no local. Eles estariam sendo monitorados por drone pelos traficantes do CV, que tentam estabelecer domínio na área.
Ontem, policiais civis da 14ª DP (Leblon) e da 31ª DP (Ricardo de Albuquerque) prenderam quatro milicianos na favela Dois Irmãos, em Curicica. Eles faziam parte do grupo que estava no comboio flagrado no Catiri, segundo os agentes. Também foram apreendidos quatro fuzis.
Dentre os capturados, de acordo com a polícia, estava o criminoso apontado como o segundo na hierarquia na milícia que atua em Curicica.
O drone do CV não é uma novidade no mundo do crime. No domingo, O GLOBO mostrou que as facções do Rio passaram a utilizar drones militares em disputas territoriais " exatamente a situação em que se encontra o Catiri.
Disputa desde 2023
A região é historicamente dominada pela milícia, mas vem sofrendo investidas do CV desde 2023. De acordo com a polícia, os bondes que invadem a favela partem da Vila Kennedy, área sob domínio da facção. Os traficantes geralmente utilizam a região de mata entre as duas comunidades para atravessar fortemente armados e realizar os ataques. O confronto entre as duas organizações criminosas se intensificou a partir de setembro do ano passado.
A guerra na região, que espalha pânico entre os moradores, faz parte de um movimento expansionista do CV, que tenta formar um "cinturão" ao redor do Complexo de Gericinó, conglomerado de 22 unidades prisionais, ao assumir o controle das comunidades Jardim Bangu, Catiri e Vila Kennedy.