Construtoras investem em microrregiões da cidade
O mercado imobiliário brasileiro tem testemunhado uma transformação estratégica signi- ...
O mercado imobiliário brasileiro tem testemunhado uma transformação estratégica signi- ficativa: construtoras e incorporadoras que optam por concentrar seus in- vestimentos em microrre- giões específicas, abando- nando a dispersão geográfica em favor do conhe- cimento mais aprofundado de territórios delimi-tados. Essa abordagem tem se mostrado mais eficiente e produtiva, gerando vantagens competitivas substanciais para as empresas que apostam nesse modelo.
A estratégia de especialização regional permite às empresas desenvolver um entendimento detalhado sobre as características únicas de cada área " do perfil socioeconômico dos potenciais compradores às particularidades urbanísticas e culturais que influenciam as decisões de compra. O conhecimento do território é traduzido em produtos mais adequados às demandas locais e em processos de vendas mais assertivos.
O Centro da cidade é o melhor exemplo dessa tendência que se fortalece no Rio: vem sendo alvo da atenção do mercado imobiliário carioca desde 2021, quando a pioneira Cury começou a lançar projetos ali, atraída prin-cipalmente pela infraestrutura pronta e pela oferta de transportes públicos e equipamentos culturais. Hoje, já soma 17 empreendimentos por lá (quatro deles já entregues), totalizando cerca de 11,5 mil unidades residenciais.
" O pioneirismo nos permitiu conhecer mais a região e observar, com surpresa, o desejo das pessoas de morar ali. Todo mundo dá valor à infraestrutura diferenciada e às opções culturais. A Re- gião Central tem poten-cial para se tornar um bair- ro diferenciado e atraen-te para um leque maior de moradores, que buscam um jeito diferente de morar no Rio " diz o vice-presidente da Cury, Leonardo Mesquita.
Na Zona Sul, o histórico da Piimo cai como uma luva nesse contexto: a construtora começou a investir no Flamengo, em 2014, em um projeto na Rua Senador Vergueiro e, na sequência, na Rua Marquês de Abrantes " as duas principais artérias do bairro. Um corretor, sabendo do interesse por terrenos ali, procurou o diretor-presidente da empresa, Marcos Sa-ceanu, para oferecer uma oportunidade na Rua Paissandu. Atualmente, a Piimo já tem seis empreendimentos no Flamengo.
" O corretor sabia que estávamos lançando um e começando a construir outro residencial no Flamengo. Por isso, nos procurou para oferecer o terreno. Quando uma empresa atua estrategicamente em determinada microrregião, passa a ser conhecida no local, e seus projetos tornam-se cartões de visitas do bairro. Ainda vamos lançar outros empreendimentos no Flamengo " antecipa Saceanu.
VÍNCULOS SÓLIDOS
Ao concentrar operações em uma microrregião, as empresas conseguem es-tabelecer vínculos mais sólidos com seus clientes, criando um círculo virtuoso de fidelização, que fortalece significativamente a marca naquele determinado território. O relacionamento próximo emerge co- mo um dos principais diferenciais competitivos.
Do ponto de vista operacional, a concentração geográfica gera ganhos evidentes. A proximidade entre as obras permite uma gestão mais eficaz dos recursos, reduz os custos logísticos e garante mais agilidade na resolução de questões técnicas e administrativas. Essa otimização operacional compensa, em muitos casos, a eventual perda de escala que poderia resultar de uma atuação geograficamente mais ampla. Essa lógica norteou a decisão da Emma Incorporadora de investir no Jardim Oceânico, na Barra, em 2020.
" A nossa entrada no Jardim Oceânico foi baseada nessa análise estratégica do bairro. Os clientes que optam por comprar de construtoras que investem em microrregiões, como é o nosso caso, tratam direto com a empresa, o que é mais um diferencial " explica Eduardo Cruz, diretor das incorporadoras Emma e Itten que, juntas, têm 11 empreendimentos no Jardim Oceânico.