Taxação dos eua é dez vezes maior que a aplicada pelo brasil
A taxa efetiva média para a entrada de mercadorias brasileiras nos Estados Unidos deve ...
A taxa efetiva média para a entrada de mercadorias brasileiras nos Estados Unidos deve alcançar 30,9% com a entrada em vigor do tarifaço de Donald Trump, calcula o banco BTG Pactual. O valor é dez vezes maior do que a tarifa média efetiva praticada pelo Brasil a produtos americanos. Os produtos americanos no Brasil estão sujeitos a uma tarifa de importação média efetiva de 2,7%, segundo cálculos da Confederação Nacional da Indústria (CNI), que considera a taxa real, que inclui regimes aduaneiros especiais.
A taxa média americana é 29,6 pontos percentuais superior à tarifa média vigente em 2024, de 1,3%, afirmam os analistas do BTG Pactual.
A conta da equipe do BTG considera as tarifas setoriais (aço e alumínio, automóveis e peças e cobre), a tarifa recíproca de 10% que foi aplicada a todos os produtos e a sobretaxa de 40%, que atinge mais de 50% da pauta exportadora para os EUA.
IMPACTO NO PIB
Cálculo da Câmara Americana de Comércio para o Brasil chega à mesma estimativa. Embora a tarifa média nominal aplicada pelo Brasil ao mundo seja de 12,4%, a média efetiva sobre as importações americanas é de 2,7%.
Em relatório, o BTG estima que o impacto do tarifaço no saldo da balança comercial do Brasil será de 0,2% do PIB em 2025 e 0,4% em 2026, o que considera que parte das exportações afetadas será gradualmente redirecionada a outros países nos próximos trimestres.
"Embora o impacto macroeconômico deva ser limitado, os efeitos setoriais são relevantes e o impacto indireto pode ganhar tração caso haja deterioração significativa da percepção de risco, com ou sem uma eventual escalada do conflito", dizem as economistas Iana Ferrão e Luiza Paparounis, que assinam o relatório.
Na semana passada, uma análise do Goldman Sachs estimou em 30,8% a tarifa média real que será paga pelo Brasil. Com as exceções anunciadas por Trump, "a estrutura final das tarifas deve limitar o impacto macroeconômico da medida", afirma o relatório assinado por Alberto Ramos, diretor de pesquisa econômica para América Latina. O alívio parcial se deve à lista de 649 itens excluídos da sobretaxa, 43% das exportações brasileiras para os EUA, incluindo petróleo e derivados (19% das exportações), aeronaves e suco de laranja.
A estimativa do Goldman Sachs é que as tarifas de Trump, em cenário sem retaliação significativa, tenham impacto negativo líquido de 0,25 ponto percentual do PIB. "Medidas fiscais e de crédito direcionadas aos setores mais afetados e alguma diversificação das exportações para outros mercados poderiam reduzir o impacto sobre a atividade econômica.
BALANÇA COMERCIAL
Em julho, mês que antecedeu o início do tarifaço, as exportações brasileiras de produtos que não escaparam da sobretaxa de 50% registraram altas significativas. Enquanto o crescimento das exportações brasileiras foi de 4,8% de forma geral, as vendas para os EUA aumentaram 11%, chegando a US$ 7,98 bilhões.
" Houve crescimento de produtos atingidos pela sobretaxa e também os que não foram atingidos, como café, suco de laranja, aeronaves, ferro gusa, sucos de laranja, cobre e alumínio " disse Herlon Brandão, diretor de Estatísticas de Comércio Exterior.
Com a ameaça do tarifaço, o Brasil vendeu mais para o mundo: os embarques de frutas e nozes cresceram 49,3%; as exportações de café não torrado subiram 25,4%; de minério de cobre, 81,1%; carne bovina, 46,9%; aeronaves e outros equipamentos, incluindo suas partes, 168,9%; e ouro, 87,3%.
No mês, o Brasil teve déficit comercial com os Estados Unidos de US$ 559 milhões, com importações de US$ 4,26 bilhões e exportações de US$ 3,71 bilhões.
DÓLAR CAI, E BOLSA SOBE
No primeiro dia de vigência do tarifaço, o dólar teve queda de 0,78%, a R$ 5,463, a menor cotação desde quando Trump anunciou a taxação de 50% ao Brasil, em 9 de julho.
O Ibovespa, principal índice da Bolsa, subiu 1,04%, a 134.538 pontos.
(Colaborou Isa Morena Vista)