Nova tv 3.0 abre fronteiras para emissoras, dizem ceos
A implementação da TV 3.0 " que permitirá maior integração da televisão com a internet e ...
A implementação da TV 3.0 " que permitirá maior integração da televisão com a internet e resultará em melhorias na qualidade de som e imagem " trará oportunidades e desafios para as emissoras tradicionais: da possibilidade de novas receitas publicitárias à urgência da regulação das plataformas digitais. Esse foi o tema do painel "Visão dos CEOs: o futuro da mídia", que marcou a abertura oficial da 35ª SET Expo, o maior evento de tecnologia e negócios do setor de mídia e entretenimento da América Latina, que começou na segunda-feira e termina amanhã no Distrito Anhembi, em São Paulo.
O debate reuniu os CEOs das maiores emissoras de TV do país: Paulo Marinho, da Globo, Claudio Luiz Giordani, do Grupo Bandeirantes, Daniela Beyruti, do SBT, e Marcus Vinicius Vieira, da Record. Os quatro reafirmaram que o setor está unido para enfrentar os desafios trazidos pela inovação digital e defender interesses comuns. O painel foi mediado pelo jornalista Guilherme Ravache.
próximo da audiência
Para Marinho, a TV 3.0 permitirá a manutenção do pioneirismo da radiodifusão, "mantendo relação próxima com a audiência", no momento em que a disputa pela atenção do consumidor se ampliou.
" Temos que reagir em termos de tecnologia e inovação, buscando entregar um conteúdo de grande relevância para o brasileiro. A TV 3.0 vai trazer para a TV aberta a medição censitária da audiência, mais precisa, e permitir uma publicidade mais segmentada, personalizada " afirmou. " Estamos construindo nossa visão de futuro em conjunto com o mercado, para atendê-lo melhor, e em parceria com os nossos colegas (de outras emissoras). Temos iniciativas nessa direção, como o compartilhamento de infraestrutura e de boas práticas em inovação e tecnologia.
Claudio Luiz Giordani disse que as emissoras não são mais "concorrentes":
" Estarmos aqui juntos prova que estamos unidos em defesa do meio. O rádio e a TV têm uma relação diferenciada com o país. A TV aberta tem uma cauda longa pela frente. Já nos reinventamos em 2007, com a digitalização " afirmou o CEO, acrescentando que é necessário buscar apoio governamental para pressionar fabricantes de televisores e garantir a presença dos canais abertos nos aparelhos. " A competição (com as plataformas digitais) é acirrada e estão tentando nos expulsar da tela. Precisamos ter uma conversa franca com os fabricantes.
Atualmente, os canais precisam pagar para garantir seu espaço nos aparelhos de TV. O resultado tem sido o aumento da presença de plataformas digitais nos televisores em detrimento dos canais gratuitos.
" Deveria haver uma imposição governamental de que toda televisão tem que ter acesso à TV aberta. Hoje já é difícil acessar a TV aberta em muitos televisores " insistiu Daniela Beyruti, do SBT.
decreto da tv 3.0
Marinho lembrou que os canais abertos são concessões públicas, que produzem "conteúdos que promovem a cidadania e a educação" e cumprem obrigações legais. Por isso, "devem ter espaço nos televisores brasileiros". Os debatedores defenderam a regulação das plataformas digitais.
" A liberdade de expressão é um princípio básico que todos nós defendemos. Trata-se de coibir excessos e conteúdos falsos que afrontam a legislação brasileira, de criar mecanismos que beneficiem a sociedade brasileira " disse Marinho, acrescentando que "a regulação não vai mitigar nossos desafios competitivos". " Nós, da TV aberta, temos mecanismos de controle, temos responsabilidade pela publicidade que exibimos. É nocivo para a população ter acesso à publicidade fraudulenta que prolifera nos ambientes digitais.
Quanto ao futuro da TV, os CEOs se mostraram esperançosos e elogiaram as possibilidades trazidas pela inteligência artificial (IA), embora ainda seja difícil fazer previsões.
" Acredito na regionalização e em ganhar as novas gerações para a TV aberta. A IA está trazendo ao nosso negócio racionalização de custos muito grande, que vai nos ajudar na criação de conteúdo " disse Giordani, da Band. " O futuro da indústria depende da nossa criatividade e da nossa união.
Marinho reforçou a necessidade de seguir investindo em bons conteúdos e citou as oportunidades da TV 3.0:
" Haverá mais fluidez entre conteúdo linear e on demand, maior interatividade e imersão. Vamos poder oferecer conteúdo em 4K, 8K, com áudio imersivo. O telespectador vendo jogo vai poder escolher mais áudio da torcida ou da narração. O que vem aí com a IA é espantoso, com mudanças na cadeia de criação de conteúdo. Nosso objetivo é continuar sendo um ponto de encontro da população brasileira, valorizar o Brasil e suas histórias com conteúdo de qualidade. Isso nos ajuda a desenhar o futuro.
Havia a expectativa de que o presidente Lula assinasse no evento o decreto da TV 3.0. No entanto, o presidente da SET, Paulo Henrique Corona Viveiros de Castro, afirmou que foi acordado com o governo que o decreto será assinado "daqui a uma semana". O ministro das Comunicações, Frederico de Siqueira Filho, esteve presente e confirmou que a solenidade ocorrerá no próximo dia 27. O decreto, disse, é "prioridade para a radiodifusão brasileira".