Lunes, 15 de Septiembre de 2025

Com forte alta no ano, seriam as ‘utilities’ os novos ‘bancões’?

BrasilO Globo, Brasil 15 de septiembre de 2025

As ações de bancos tradicionais não mais as únicas apostas certas nas carteiras ...

As ações de bancos tradicionais não mais as únicas apostas certas nas carteiras recomendadas por analistas. Cada vez mais, esse espaço vem sendo ocupado pelas prestadoras de serviços públicos, chamadas também de utilities, no termo em inglês.
Já há alguns meses o setor figura entre os de maior destaque na Carteira Valor, seleção mensal que reúne os 10 papéis mais indicados por 16 corretoras participantes. Como os "bancões", as utilities se destacam por serem consideradas seguras, com demandas perenes e, portanto, receitas mais estáveis e previsíveis. E seu desempenho tem sido melhor que o do setor financeiro.
Mas, antes de abrir o aplicativo da corretora para investir nelas, especialistas pedem cautela.
Levantamento feito pelo Valor Data mostrou que o índice UTIL da bolsa de valores, que reúne as empresas desse segmento, subiu 36,99% no ano, até 10 de setembro. Em 12 meses, a alta é de 18,53%, enquanto a volatilidade no período foi de 17,85%.
Essa alta tem sido bem espalhada pelas ações da carteira teórica, com raras exceções.
No ano, só a empresa de gestão ambiental Ambipar recua: 4,23%. Já em 12 meses, as únicas com perdas são as empresas de energia Auren, com 5,02%, e Engie, com 4,03%. Entre as ações de maior peso no índice, todas tiveram altas expressivas. A Sabesp, que representa 20% do UTIL, sobe cerca de 45% no ano e 33% em 12 meses. A Eletrobras, com 18% do índice, avança 42% no ano e 19% em 12 meses. Já a Equatorial, também de energia, com 12% do UTIL, sobe 36% e 8% respectivamente.
Ao se comparar as utilities com outros setores, fica mais perceptível o quanto esse desempenho recente é robusto.
Outro porto seguro, o setor financeiro também tem oferecido bom retorno " ainda que mais modesto. O IFNC, índice que reúne as empresas desse segmento, sobe 32,10% no ano. Em 12 meses, a alta é de 9,46%, com uma volatilidade de 19,93%, maior do que a do UTIL. O principal índice da B3, o Ibovespa, ganha 18,34% no ano e 5,98% em 12 meses. Mas sua volatilidade neste período é menor, de 15,47%.
hora de aplicar?
É hora, então, de investir nas utilities? Analistas sugerem calma. As rentabilidades são mesmo sedutoras. Mas a alta está no retrovisor, e muitos papéis podem não oferecer mais no horizonte o mesmo potencial de ganhos.
" Enquanto os juros subiam, as utilities ainda estavam baratas, mas agora não estão mais. Nem os bancos, inclusive " diz Malek Zein, analista de ações da Eleven Financial.
Um indicador que pode mostrar se esse bonde já passou é o preço por lucro, o famoso P/L, que ajuda o investidor a saber se uma ação está barata ou não. Ele compara o valor de mercado da empresa (ou seja, o preço de cada ação negociada vezes a quantidade de ações disponíveis) com seu lucro líquido. Assim, o investidor tem uma ideia de quanto tempo levaria para ter seu dinheiro investido de volta, se aquela empresa distribuísse todo o lucro na forma de dividendos.
Um P/L baixo sugere que a ação está barata ou que há baixa expectativa sobre a empresa. Já um P/L alto indica confiança, mas também pode ser um sinal de que a ação está cara. Em resumo, quanto menor o P/L, mais rápido tende a ser o retorno sobre o investimento; quanto maior, mais lento pode ser o retorno.
No segmento das utilities, um P/L acima de 12 vezes já pode ser considerado alto. Já empresas com P/L abaixo de oito vezes estariam "baratas".
Das 20 empresas que compõem o UTIL, oito têm P/L acima de 12 vezes (portanto, já podem ser consideradas mais caras); oito têm P/L abaixo de oito vezes (e, portanto, estão mais baratas), e apenas quatro têm P/L nesse intervalo (com preços que podem ser considerados moderados).
Ou seja, muita coisa encareceu, mas há oportunidades.
Levantamento recente da XP mostra que, embora as utilities ainda mantenham forte presença nas carteiras dos fundos de ações, a exposição ao setor começou a recuar. Em agosto, a participação das empresas desse segmento nesse tipo de fundo recuou de 27,3% para 23,7%. Ainda assim, bem acima dos 12,3% que o setor representa no Ibovespa.
Segundo Raphael Figueredo, estrategista de ações da XP, esse movimento evidencia que o setor de utilities continua relevante e no radar dos gestores e investidores, mas já dá sinais de perda de fôlego.
Frederico Nobre, gestor de investimentos da Warren, concorda que as utilities ganharam força, mas diz que o movimento de alta também se deve a fatores externos:
" Áreas de saneamento e energia contam com o marco regulatório e devem receber bastante investimento. A privatização da Sabesp foi um exemplo relevante disso. Mas parte dessa alta recente no setor veio também de um cenário macroeconômico desafiador para outros segmentos.
Em que pesem as ressalvas, os analistas não descartam as utilities. Agora é o momento de escolher a dedo em quais ações investir, já que o setor como um todo pode não ter uma alta expressiva como antes.
Figueiredo, da XP, tem recomendação de compra para Sabesp e Eletrobras, e cita ainda Copel e Equatorial.
Já Zein, da Eleven, diz que Energisa "é interessante", assim como Taesa e ISA Cetep. Nobre, da Warren, afirma que "o setor como um todo não parece tão atrativo agora". Mas observa que, se houver correção forte na Bolsa, o setor "corrige menos".
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