Aviação supera linhas de ônibus como transporte para viagens
O avião superou os ônibus de linha como transporte mais usado nas viagens de lazer e a ...
O avião superou os ônibus de linha como transporte mais usado nas viagens de lazer e a trabalho pela primeira vez desde 2020, segundo dados sobre o turismo da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgados ontem pelo IBGE. As aeronaves foram usadas em 14,7% do total de viagens feitas pelas famílias em 2024. Os ônibus de linha ficaram com uma fatia de 11,9% " os coletivos são usados também no formato de excursão, fretados, com uma participação, adicional aos de linha, de 6,6% das viagens em 2024.
O carro particular, próprio ou da empresa, segue sendo o meio de transporte mais utilizado pelos brasileiros quando viajam. Em 2024, 50,7% das viagens foram feitas de automóvel.
William Kratochwill, analista do IBGE, lembrou que os deslocamentos aéreos, assim como as viagens a trabalho em geral, foram praticamente suspensos durante o período de isolamento social da pandemia de Covid-19. E a retomada da normalidade em 2023 e 2024 tem a ver com a volta das viagens aéreas.
" O aumento desse percentual de avião foi, na maior parte, pelas viagens profissionais, que saíram de 27,1% e chegaram a 28,8%. No período pandêmico, tinha ido a 11,3% do total " afirmou Kratochwill.
Em 2023, a participação do transporte aéreo e a fatia das linhas de ônibus ficaram empatadas como meios utilizados nas viagens. Em 2024, o movimento de normalização continuou, com as viagens profissionais impulsionadas pela retomada de congressos, eventos e treinamentos, que exigem o deslocamento dos profissionais pelo país.
Segundo o IBGE, foram 2,5 milhões de viagens por negócios ou trabalho em 2024, o equivalente a 82,7% das 3 milhões de viagens profissionais. Em 2023, elas representavam 82,3% desse total.
avanço da renda
O aumento da participação da aviação nos meios de transporte das viagens das famílias brasileiras ocorreu num ano em que a renda do trabalho avançou 4,7% no país.
Apesar disso, os dados da Pnad Contínua mostram que houve recuo na fatia de domicílios em que ocorreu pelo menos uma viagem " movimento verificado em todas as faixas de rendimento mensal.
Foram 20,6 milhões de viagens, repetindo o número de 2023, mas o total de domicílios cresceu. Por trás desse movimento está o aumento no custo médio dos deslocamentos " seja a trabalho ou a passeio.
Os gastos com viagens feitas por brasileiros no país somaram R$ 22,8 bilhões no ano passado, um aumento de 11,7% em relação a 2023, quando já tinha havido um salto ante 2022. O gasto médio por viagem com pernoite subiu de R$ 1.706 para R$ 1.843 de um ano para o outro.
A dinâmica de renda interfere na escolha do meio de transporte, conforme os dados do IBGE. Nos lares com rendimento inferior a dois salários mínimos, o ônibus é o segundo meio mais usado, depois do carro. Já entre as faixas mais altas de renda, o aéreo vem na segunda posição.
No geral, a falta de dinheiro foi citada por 39,2% dos lares como a razão para não viajar, ante a 40,1% em 2023. Mas essa justificativa cresce conforme cai o rendimento. Nos lares com renda média de quatro salários mínimos ou mais por pessoa, o principal obstáculo a ser vencido para viajar é a falta de tempo.