Mercado de trabalho ainda é mais favorável aos homens brancos
Os dados do Censo 2022 divulgados ontem revelam curiosidades sobre o mercado de trabalho, ...
Os dados do Censo 2022 divulgados ontem revelam curiosidades sobre o mercado de trabalho, como a quantidade de ocupados em cada um de 445 tipos de ocupação, formais e informais " que pode ser consultada em ferramenta no site do GLOBO. As informações também evidenciam que desigualdades históricas associadas ao gênero e à cor da pele dos trabalhadores se mantêm em pleno século XXI.
O nível de ocupação " a proporção de pessoas ocupadas em relação ao total em idade de trabalhar " dos homens foi superior ao das mulheres em todas as faixas etárias. Na de 35 a 39 anos, o nível da ocupação dos homens era de 82,6% e o das mulheres, de 63,6%.
Por outro lado, a escolaridade das mulheres ocupadas seguiu maior que a dos homens ocupados. Entre trabalhadoras empregadas, 28,9% tinham ensino superior completo enquanto entre os homens eram 17,3%. Mesmo assim, eles ganhavam mais que elas, não importa o nível de instrução. A maior diferença, segundo o IBGE, ocorreu justamente no nível de instrução de ensino superior completo, no qual homens ganham 60% a mais do que as mulheres.
desigualdade de gênero
Do total de empregados em 2022, 43,6% são mulheres, e as desigualdades históricas de gênero vêm se mantendo, conforme dados do Censo divulgados ontem pelo IBGE.
As trabalhadoras ainda são a maioria em atividades historicamente mais femininas, como serviços domésticos (nos quais 93,1% dos ocupados são mulheres); saúde humana e serviços sociais (77,1%) e educação (75,3%). Por outro lado, elas são minoria em áreas como construção (3,6%); transporte, armazenagem e correio (9,3%) e na indústria extrativa (14,4%).
Quando se considera raça, pessoas que se declaram pretas, pardas e indígenas ganhavam menos em 2022 em todos os níveis de instrução. Entre aqueles com ensino superior completo, profissionais de pele branca ganhavam 57% mais que os de pele preta, na média.
No total dos empregados, 54,1% se declaram negros (pretos e pardos). A desigualdade se manteve alta em 2022, com os negros ocupando proporção maior nas profissões mais precarizadas e os bancos prevalecendo nas carreiras de maior escolaridade e remuneração, manteve-se em 2022.
As categorias com maior presença de negros são "trabalhadores elementares da caça, pesca e aquicultura", com 82,9% do total, "condutores de veículos e máquinas de tração animal" (77,5%) e pescadores (76,6%). As com menos negros são médicos especialistas (18,8% do total), físicos e astrônomos (21,3%), arquitetos (21,3%), economistas (21,7%) e dentistas (22,4%).
Mesmo em tempos de app de mensagens e celulares, o Brasil ainda tem 42,4 mil telefonistas, ocupação distinta dos atendentes de call centers, que são 361,4 mil. "Trabalhadores do sexo" eram 2,6 mil enquanto "astrólogos, adivinhos e afins", 4,5 mil. Outra curiosidade é a contagem de 18 "chefes de pequenas populações", que são caciques indígenas e líderes de comunidades quilombolas. (V.N.)