Domingo, 16 de Noviembre de 2025

‘Petroleiras reeditam planos com novo preço do petróleo’

BrasilO Globo, Brasil 16 de noviembre de 2025

Entrevista

Entrevista
Enquanto a Petrobras inicia a perfuração de seu primeiro poço na Bacia da Foz do Amazonas, na Margem Equatorial, a SBM Offshore, uma das maiores fabricantes e operadoras de plataformas de petróleo do mundo, conhece bem a região, uma das mais promissoras no cenário global. A companhia conta com quatro unidades de produção na vizinha Guiana, em parceria com a ExxonMobil, que somam 900 mil barris diários. No Suriname, desenvolve para a TotalEnergies a primeira de duas plataformas previstas.
Em entrevista ao GLOBO, Jonas Henrique Lobo, diretor-geral da companhia no Brasil, diz que tem acompanhado com interesse as atividades no litoral do Amapá:
" A gente já está mais ou menos com o pé ali.
O executivo prevê um petróleo mais baixo, na faixa dos US$ 60 por barril, o que exige esforço de toda a cadeia.
" Nosso papel é tentar ser o mais competitivo possível junto à cadeia fornecedora.
Como a companhia lida com a queda no preço do petróleo?
O papel das oil companies é fazer o acompanhamento do preço do óleo e o nosso é tentar ser o mais competitivo possível junto à cadeia fornecedora. A tendência é que o preço do petróleo fique no patamar de US$ 60.
As petroleiras falam hoje sobre corte de custos?
Existe um movimento da Petrobras na direção de tentar otimizar alguns custos. Isso já chegou através de correspondências que foram emitidas pela Petrobras para a cadeia de fornecedores. No passado, já houve um esforço da Petrobras, que eles chamavam de cenário de resiliência, no qual pressionaram os fornecedores para obtenção de melhores preços. Isso é uma questão recorrente. Isso acontece toda vez que existe uma depressão no preço do petróleo.
Empresas como a Petrobras estão fazendo o plano de negócios para os próximos anos. Como isso se reflete no planejamento da petroleira?
As petroleiras estão agora reeditando os seus planos de negócio com base no novo preço do petróleo. Assim como todo o mercado, estamos ansiosos para tentar entender como isso vai impactar o pipeline de projetos, para que depois a gente possa alimentar o nosso planejamento estratégico.
Esse patamar de petróleo preocupa os fornecedores?
O que a gente vê, de uma forma geral, é que as oil companies estão voltando a olhar o petróleo como o indutor do processo de transição energética. Nesse movimento, o petróleo passa a ter um pouco mais de relevância do que ele tinha há alguns anos. A gente sabe que a Petrobras tem alguns cenários de resiliência com um preço abaixo disso.
Mesmo com o preço menor do petróleo há um grande apetite pela Margem Equatorial. A SBM tem interesse na região?
A gente tem acompanhado com bastante interesse. A Margem Equatorial está bem perto da Guiana, onde temos quatro FPSOs em operação com a ExxonMobil, que produzem 900 mil barris por dia. Estamos indo para a quinta FPSO. No Suriname, temos uma unidade em construção com a Total Energies (com produção prevista de até 220 mil barris por dia a partir de 2028). E tem uma segunda.
Então, quando se fala da Bacia da Foz da Amazonas, vocês já partem com uma vantagem?
A gente já está mais ou menos com o pé ali. A gente vê a Margem Equatorial com bastante interesse. Estamos bem atentos ao desenvolvimento naquela área.
O que a SBM poderá trazer de aprendizado da Guiana?
Já há um certo aproveitamento, pois as últimas unidades que entraram em operação no Brasil, como as FPSOs Almirante Tamandaré, Sepetiba e Alexandre Gusmão, têm a mesma característica construtiva do que foi feito na Guiana, com a fabricação de um casco padronizado e dedicado.
E quando poderíamos ter a licitação da Petrobras para a Bacia da Foz do Amazonas?
A Petrobras precisa achar óleo, desenvolver o reservatório, fazer o processo de mapeamento e declarar a comercialidade. Em seguida, precisa realizar um estudo de engenharia preliminar para determinar como vai explorar esse campo. Só após isso ela vai ao mercado fazer a licitação de FPSO. O prazo de construção está em torno de quatro anos.
A Margem Equatorial é o novo protagonista global?
A Margem Equatorial é importante não só pelo que ela representa em potencial, mas pela própria relevância do Brasil nesse contexto. A Guiana é um cluster importante de desenvolvimento, se levar em conta que, há 10 anos, o país não produzia nada. O Suriname começa agora e, em alguns anos, vai ter uma produção significativa. A gente tem ainda a Namíbia, na África, como outra fronteira.
E o setor naval do Brasil vai conseguir participar dessas futuras encomendas?
O Brasil tem um histórico grande na área de construção naval. Ao longo dos últimos anos, a gente viu uma depressão nos níveis de atividade. Existe a necessidade de se avaliar a capacidade de retomada da indústria. A questão do conteúdo local não é uma novidade para nós. Eu acho que, num contexto globalizado, o principal desafio é a competitividade de preço e prazo.
Na COP30, o combustível fóssil é alvo de críticas. A SBM vem estudando projetos mais sustentáveis?
Fizemos um memorando de entendimentos com a Mitsubishi Heavy Industry para um módulo de captura de carbono, que tem como objetivo reduzir os gases oriundos da queima de combustível em FPSOs.
Mas avalia projetos na área?
Acreditamos que o meio da transição energética vai ser através do oceano. Imaginamos que no futuro possam existir data centers flutuantes e que a gente possa ter uma geração elétrica a partir de uma estrutura semelhante a um FPSO flutuante, fazendo uso do gás natural. E você pode usar a própria água do mar para fazer o resfriamento desses processos de geração e de armazenamento de dados.
A empresa poderia produzir essas unidades?
Nós temos tecnologia. Hoje, o nosso principal produto são plataformas de produção de petróleo, mas a gente acredita que possam existir outras alternativas, como, por exemplo, as torres de geração eólica que a gente produz. Criamos uma joint venture (parceria) com a Technip, que é o nosso braço de investimentos na área de geração elétrica offshore. A gente instalou um parque eólico que já iniciou a operação na Europa. No Brasil, a gente ainda vê isso como uma realidade um pouco distante.
Jonas Henrique Lobo/ diretor-geral da SBM Offshore
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